Nascida no Porto Digital de Recife, a plataforma de localização In Loco está usando 60% do aporte de R$ 80 milhões recebido em 2019 para desbravar os Estados Unidos. A startup escolheu escalar o negócio no Brasil em seus primeiros anos de existência como estratégia para atrair, mais tarde, investidores interessados em apostar no seu plano de internacionalização.
Ser uma plataforma de tecnologia para o mercado global de Internet das Coisas (IoT) é um plano que faz parte da In Loco desde os tempos de concepção da empresa. O último aporte foi obtido numa rodada de Série B, liderada pelos fundos Valor Capital e Unbox Capital.
Mais do que volume, o que a In Loco quer nos EUA é aprender. O país é o ambiente perfeito para se desenvolver e testar tecnologia de localização como a que In Loco oferece, principalmente porque também tem protagonizado alguns dos debates mais intensos sobre privacidade. “Nosso objetivo no exterior não está ligado à receita ou ao número de usuários (que queremos atingir). Neste primeiro momento, queremos fincar a bandeira da In Loco. Nossa meta é conquistar um ou dois clientes relevantes”, diz o CEO da startup, que já está nos EUA, André Ferraz. Entre 15 e 20 pessoas com foco em vendas, marketing e recursos humanos devem ser contratadas para o novo escritório, e passarão diretamente pelo olhar do CEO. Atualmente, a empresa tem 200 funcionários contando os escritórios de Recife, São Paulo e agora dos Estados Unidos.
Presente em 60 milhões de smartphones no Brasil, a In Loco chega em solo americano com uma base de 200 mil, mas mirando em 10 milhões, em breve. Ferraz não revela os últimos números do faturamento da empresa, provavelmente por questões estratégicas – quanto maior a startup, e maior o número de investidores, mais “estratégicos” ficam os dados.
Ainda em 2018, no entanto, a empresa revelou ao jornal Valor Econômico que seu faturamento tinha dobrado em relação ao ano anterior, de R$ 30 milhões para R$ 65 milhões. Questionado, Ferraz apenas ressaltou que de 2015, ano em que a startup atingiu o breakeven, a 2019, o CAGR (Compound Annual Growth Rate, ou taxa de crescimento anual composta, e que representa a taxa de retorno de um investimento em um determinado período de tempo) da In Loco foi de 100%.
Neste momento vamos investir mais agressivamente. Nosso foco é investir na expansão internacional e no crescimento das operações no Brasil
André ferraz, CEO da In loco.
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Como a In Loco funciona
Segundo Ferraz, o foco da startup brasileira em solo americano será o uso e desenvolvimento contínuo de uma solução de autenticação que usa informações comportamentais dos usuários com base em sua localização para provar que eles são realmente quem são, sem a necessidade de fornecer dados como CPF, e-mail ou comprovante de endereço.
“Em outras palavras, criamos uma espécie de impressão digital de cada usuário com base no seu padrão de deslocamento, pois entendemos que nenhuma outra pessoa no mundo que vá aos mesmos lugares que você, no mesmo momento e pelo mesmo intervalo de tempo”, explica Ferraz.
Ele conta que a solução da In Loco é, de fato, 30 vezes mais precisas do que o GPS e permite à plataforma identificar a localização de smartphones até mesmo em ambientes fechados. “Todos esses dados são criptografados e não recolhem informações como nome da pessoa, CPF, ou qualquer outra informação de identidade civil”, frisa Ferraz.
Ele destaca que há lugares onde a In Loco não capta dados, tais como templos religiosos, hospitais, sede de partidos políticos ou qualquer outro estabelecimento que possa ser ligado a preferências sexuais. “Em resumo não coletamos informações de visitas em lugares que possa causar qualquer tipo de discriminação”, resume o CEO da startup.
No Brasil, a In Loco tem clientes tão diversos quanto Santander, Magalu, Hering e Banco Original. O foco da startup são empresas aplicativos e cujas operações online tenham forte conexão com as operações offline.
As informações coletadas pela In Loco são agrupadas, gerando insights que ajudam os clientes a entenderem melhor seus consumidores, além de permitir às marcas impactarem pessoas com mais chances de ir ao estabelecimento, com a mensagem certa, no contexto certo, via mobile.
“Com nossa tecnologia conseguimos mapear devices que estão visitando concessionárias em determinado período de tempo, por exemplo. Com essa informação, uma concessionária pode enviar uma mensagem oferecendo test drive ou mesmo alguma espécie de promoção para aqueles devices que estão em concessionárias de outras marcas”, exemplifica Ferraz.