Até agora, a LOUD se concentrou totalmente em Free Fire, o jogo mobile gratuito que varreu o Brasil nos últimos dois anos. Foto: Instagram/LOUD
Tecnologia

LOUD domina a cena de games mobile no Brasil

A empresa virou um fenômeno do streaming, foi campeã em uma competição internacional e já faturou mais de R$ 10 milhões

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Bruno Bittencourt estava no lugar certo em 2014. O jovem nascido em Viçosa, interior de Minas Gerais, queria criar um canal de games no YouTube. Optou por fazer um de jogos para celular, porque “era o que eu estava jogando mais”. A preferência antecipou e ajudou a moldar um cenário que, cinco anos depois, o levaria a fundar a LOUD, atingir faturamentos anuais milionários e torná-lo referência em um setor que ainda experimenta crescimento acelerado.

Formado em ciência da computação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bittencourt, conhecido no ambiente virtual como PlayHard, já acumulava números expressivos em seu canal pessoal no YouTube e uma série de colaborações e negócios com grandes marcas. Ele tem mais de 10 milhões de inscritos, mais de um bilhão de visualizações dos seus muitos vídeos de “gameplay” e ações com marcas como Ford, Telecine e Supercell. Em uma delas, jogou foi jogar Brawl Stars com Neymar Jr. e Marquinhos, jogadores de futebol brasileiros do badalado PSG, da França. 

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A criação da LOUD, no início de 2019 com outros dois sócios, foi, para ele, o caminho natural ante o reconhecimento das suas próprias limitações.

“Sempre quis trabalhar com e-sports, mas nunca fui um jogador muito bom, de ficar treinando.”

Bruno “PlayHard” Bittencourt, CEO da LOUD

Os sócios Jean Ortega, com uma boa bagagem no outro lado do balcão do mercado de influenciadores digitais e agências de publicidade, e o canadense Matthew Ho, deram liga à ideia de investir no segmento e expandir o negócio de streaming e criação de conteúdo. Ortega, brasileiro, vive hoje em Las Vegas e atua como diretor de operações (COO). Ho continua morando no Canadá e serve à LOUD como diretor de receitas (CFO). Bittencourt mudou-se para São Paulo e é o CEO da empresa. ”Eu trouxe a experiência com conteúdo e eles, aquela mais corporativa, que tenho aprendido agora, no operacional”, explica Bittencourt.

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Com menos de um ano de mercado — a empresa começou a operar em março de 2019 —, os números e reconhecimentos da LOUD classificam a empresa como bem-sucedida. A LOUD teve o novo canal (criado em 2019) que mais cresceu no mundo no YouTube, sendo destaque no tradicional vídeo de fim de ano da plataforma, o YouTube Rewind; tem um contrato de exclusividade para streaming ao vivo com a plataforma de streaming chinesa Nimo TV, onde os influenciadores da equipe transmitem diariamente para milhares de espectadores; e, no início de 2020, conquistou a Copa América de Free Fire, disputada na Cidade do México.

Bruno “PlayHard” Bittencourt, CEO da LOUD. Foto: Divulgação

Bittencourt afirma que o sucesso comercial acompanha os números excepcionais de audiência e as posições de destaques nos pódios das competições. Ele não revela valores precisos, mas diz que a expectativa de faturamento para o primeiro ano, de R$ 10 milhões, foi superada faltando praticamente um trimestre para encerrar o período.

Ajustes no caminho

O percurso não foi suave, porém. No meio do caminho, a LOUD teve que fazer alguns ajustes.

No início da operação, por exemplo, os jogadores contratados se desdobravam entre treinos, competições e as transmissões ao vivo. Não deu certo. Rapidamente a estratégia foi alterada e, hoje, a LOUD conta com duas equipes dedicadas a cada frente de atuação: uma para competições, formada por quatro jogadores, e outra para transmissões e criação de conteúdo online, com 10 influenciadores.

A remuneração dos jogadores e influenciadores vem de um mix de fontes, ou “verticais de receita”: premiações em competições, patrocínios, direitos de imagem, publicidade em streaming… “É um universo muito grande e varia de pessoa para pessoa; tentamos entender a melhor forma de alavancar [o potencial de receita]”, explica.

O fenômeno Free Fire

Até agora, a LOUD se concentrou totalmente em Free Fire, o jogo mobile gratuito que varreu o Brasil nos últimos dois anos. “É a acessibilidade”, inicia ao explicar o sucesso do jogo da Garena no país. “Roda em qualquer celular, não consome muito a franquia de dados, é muito compatível com o mercado brasileiro”. O sucesso global do gênero, Fortnite, exige celulares avançados e caros para funcionar.

Apesar do foco em apenas um jogo, a LOUD não quer parar em Free Fire. “Vimos essa oportunidade enorme no mercado mobile no Brasil, sem ninguém se posicionando de forma muito estável, investindo fundo, antes de a gente entrar”, relembra Bittencourt. “Chegamos e mostramos as possibilidades. Free Fire é muito novo e está dando resultado, mas temos a intenção de expandir.” Para onde? “Nem a gente sabe. Só sabemos que não vamos permanecer apenas no mobile”. 

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