Tecnologia

Negócios digitais na América Latina: plataformas de armazenamento em nuvem e softwares como serviços terão destaque em 2023

O mercado digital na América Latina está em crescimento acima da média global e algumas áreas do setor entram em 2023 sob altas expectativas. É o caso dos setores de armazenamento em nuvem e SaaS (Software as a Service) – serviços de aplicativos utilizados por empresas para diversas funções, como gestão de equipes, monitoramento de redes, metrificação da experiência do cliente, entre outras.

Dados do estudo Beyond Borders 2022-2023, produzido pelo EBANX, mostram que o mercado de SaaS/Cloud da América Latina deve  crescer 28% ao ano até 2026, sete pontos percentuais acima da média mundial, sendo a vertical de serviços digitais que mais cresce na região. A alta do setor está diretamente ligada ao desenvolvimento tecnológico acelerado das empresas latino-americanas nos últimos anos, fazendo com que empresas globais provedoras de soluções tecnológicas passassem a disputar uma fatia desse mercado.

Outra tendência forte para os próximos anos no mercado digital  é o boom da vertical de Digital Ads – anúncios de mídia paga na internet. A presença online de uma marca é vista como fator chave para o crescimento de qualquer negócio atual, e só no ano passado, os gastos com anúncios digitais aumentaram em 19% na América Latina. Considerando que o número de compradores online da região deve crescer 6.6% ao ano até 2026, segundo a Beyond Borders, e que todas as verticais de negócios digitais da região crescem acima da média global, nada indica que o setor de Digital Ads vá desacelerar nos próximos anos. 

Veja também: As empresas de mídia irão prosperar em um mundo sem “cookies”

As perspectivas também são otimistas para verticais mais estabelecidas, como o varejo online e os serviços de corridas compartilhadas e delivery. Juliana Etcheverry, diretora de Parcerias Estratégicas de Pagamento do EBANX, explica que a América Latina é hoje uma região que apresenta um horizonte de oportunidades de negócios digitais a serem exploradas – tanto para setores já mais conhecidos do público quanto para mercados menos maduros, como é o caso do streaming. 

“Não vejo nenhuma vertical digital desacelerando na região nos próximos anos. Mercados em ascensão como a América Latina ainda têm muitas oportunidades para a economia digital – tanto em termos de alcance quanto em termos de profundidade de compreensão do que os consumidores da região precisam e querem”, afirma.

A América Latina tem um cenário muito diversificado, que varia de acordo com o perfil dos consumidores, dentre outros fatores. No Brasil, por exemplo, o varejo online tem uma participação de 44% do volume total do setor e continua na liderança no mercado digital nacional. Por outro lado, a comercialização de produtos pela internet em outros países, como México e Chile, já está mais consolidada, portanto não tem uma curva de crescimento tão acentuada prevista para os próximos anos. Nesses dois casos, os mercados digitais que mais cresceram no ano passado foram de viagens, streaming e gaming.  

Além do cenário macroeconômico de cada país, que serve como um catalisador de tendências, para Etcheverry, a diversidade de métodos de pagamentos alternativos também ajuda a moldar o mercado. Segundo a especialista, quanto mais opções de pagamento disponíveis, maior o consumo, uma característica comum entre os países latino-americanos. “A única constante é que o mercado digital está se expandindo em todos os países – e os pagamentos são uma chave para desbloquear esse potencial de mercado”, diz ela.

Além disso, ela destaca que a América Latina está muito à frente em termos de tecnologia e inovação em pagamentos digitais que a maior parte do mundo. O mercado de Digital Payments e Financial Services da região – transações financeiras e pagamentos realizados por meio de dispositivos móveis – serve inclusive como exemplos para outros países, a exemplo do Pix.

 “O que vimos acontecer na região nos últimos dez anos mostra como a região tem apetite, disponibilidade para o novo, na busca de acesso e inclusão financeira e digital. A América Latina é o lar do Pix,  que agora serve de referência para vários outros países”

Juliana  Etcheverry – Diretora de Parcerias Estratégicas de Pagamento do EBANX

This post was last modified on fevereiro 14, 2023 10:01 am

Leonardo Montel

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