A Olivia, aplicativo de organização financeira com ares de assistente virtual, desembarcou para valer no Brasil no último dia 15 de janeiro. A fila de espera de 30 mil usuários, que começou a ser formada em agosto do ano passado, durante um período de testes, está zerada e agora o app está disponível para todos os interessados nas lojas da Apple e do Google.
Fundada em 2016 nos Estados Unidos pelos brasileiros Lucas Moraes e Cristiano Oliveira, a startup está em operação lá desde 2017 e também na Irlanda, por meio de uma parceria com o maior fundo de pensão do país, desde 2018. Antes de desembarcar por aqui, o app já tinham sido usado por meio milhão de pessoas. O número atual no Brasil, para além dos 30 mil primeiros, não está sendo divulgado ainda.
Segundo o cofundador da Olivia, Lucas Moraes, a vinda para o Brasil era algo em gestação há pelos menos dois anos. “A gente veio para o Brasil em 2018 para algumas reuniões, que culminaram em uma rodada de investimentos e também parceiros sólidos. Ainda em meados de 2019 começamos a estruturar nossa operação no país”, conta Moraes.
A rodada de que Moraes fala foi anunciada oficialmente junto com a chegada startup no último dia 15: um aporte de R$ 25 milhões, liderado pela carteira de investimentos do banco BV, nova marca do Banco Votorantim, que tem como acionistas o Banco do Brasil e a Votorantim S.A., e acompanhado pela MSW Capital através do fundo BR Startups, que já tinha investido R$ 1,5 milhão na empresa em 2019. A corretora XP também investiu na startup e tem uma participação minoritária na empresa.
Junto com o investimento veio a parceria e a integração da Olivia ao app do cartão do banco BV ainda no início de 2019, e depois ao app da XP, o que ajudou a “tropicalizar” a tecnologia da startup.

A Olivia teve que aprender sobre os juros altos do país e o parcelamento no cartão, por exemplo. Foram meses recebendo feedbacks até chegar a esta versão
Lucas moraes, cofundador da olivia.
Esse tempo pré-lançamento também foi fundamental para fazer a integração da Olivia com os bancos e fintechs do país. Um processo um tanto difícil e demorado, já que o Brasil ainda não tem um sistema de open banking implantado.
Atualmente, poderão se conectar à plataforma clientes dos bancos Itaú, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Nubank, além dos cartões Alelo, CrediCard, Sodexo, Ticket, Itaucard e American Express emitido pelo Bradesco. Nos próximos meses, uma das prioridades do time da Olivia no Brasil é aumentar essa lista, colocando pelo menos um novo banco, fintech ou entidade no aplicativo.
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Como o Olivia funciona
Quando a pessoa abre o aplicativo pela primeira vez, a Olivia pede permissão para acessar as transações financeiras da pessoa. A exemplo do GuiaBolso, outro aplicativo brasileiro de organização financeira, isso acontece por meio de uma tecnologia de raspagem de dados. “E nós só temos acesso à visualização dos dados. Não podemos fazer nenhum tipo de movimentação e não identificamos ninguém pessoalmente. Não pedimos nenhum dado como CPF ou endereço. A pessoa precisa informar apenas um nome, que pode ser até um apelido, que é maneira como a Olivia vai se dirigir a ela”, explica Moraes.
Com o uso e o tempo, a Olivia passa a conhecer os hábitos do usuário e começa a auxiliá-lo por meio de recomendações financeiras personalizadas. Fazendo uso de inteligência artificial, a assistente chega a prever as suas próximas compras e recomenda as melhores formas para gastar seu dinheiro e esticar seu salário.
Além de fazer a base de usuários crescer cada vez mais, investindo em marketing e na integração de novos bancos ao app, a Olivia quer conseguir novos parceiros que possam ajudá-la a fazer a diferença na vida do usuário. E a startup sabe que pode fazer mais diferença na vida do usuário brasileiro do que já faz na vida do americano.
“Aqui tem um agravante que é quase uma década de perdida com a crise, com altas taxas de desemprego, etc. O brasileiro precisa de ajuda imediata, necessária, e que vem na esteira de uma grande crise”, frisa Moraes.
Para além do coração da Olivia, que é a inteligência artificial e que pode evoluir a medida que mais usuários usam o aplicativo, a startup também quer buscar parceiros que ajudem o brasileiro a consumir melhor. “Nosso foco não está nos serviços financeiros, mas mais no consumo mesmo. Imaginamos que podemos ajudar as pessoas se tivermos uma parceria com agências de viagens, por exemplo”, diz Moraes.
A ideia da Olivia é um pouco mais sofisticada do que simplesmente oferecer produtos e serviços. “Queremos sugerir pacotes de viagens mais em conta, por exemplo, a medida que a data das férias do usuário se aproxima. Ou seja, sugerir formas de economizar e poupar ligadas aos hábitos mesmo do usuário, ao seu dia a dia”, frisa Moraes, que diz que nos EUA, o aplicativo consegue fazer pesquisas de preços em supermercados próximos do usuário e sugerir a ele aqueles com os melhores preços.
Também por lá, onde a maioria dos usuários vive de salário semanal em salário semanal, não conseguindo poupar, o efeito da Olivia sobre a capacidade de poupar é grande. Quando começa a usar o serviço, o usuário americano normalmente não poupa nem 1% da renda familiar. Sessenta dias depois essa proporção já passa dos 5%.