Demonstração de holografia feita no Allianz Parque pela Claro, com tecnologia da Ericsson. Foto: Divulgação/Staff Image
Tecnologia

Como as operadoras estão se preparando para a chegada do 5G no Brasil

O maior leilão do mundo para a implantação da nova geração de conexão móvel sem fio será o brasileiro

Read in english

A largada para a chegada do 5G à América Latina foi dada. Nos próximos 18 meses, pelo menos cinco países da região devem instalar suas primeiras redes 5G. E o maior leilão do mundo será o brasileiro, com previsão para acontecer nos últimos meses de 2020, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). E as operadoras que atuam no país estão correndo para testar, em parceria com as fabricantes, o potencial de uso da tecnologia no país, e a melhor maneira de explorá-lo comercialmente.

Os testes vêm sendo realizados em diferentes frentes, e com as diferentes fabricantes mais interessadas em fornecer a infra necessária para a implantação do 5G no país (e, de quebra, na América Latina): Nokia, Ericsson e Huawei.

LEIA TAMBÉM: Xiaomi vai investir mais de US$ 7 bilhões em 5G, IA e IoT nos próximos cinco anos

Vivo Telefonica

Embora esteja passando por uma reestruturação na América Latina, a Telefonica continua tendo uma operação rentável no Brasil. Segundo o diretor de planejamento de redes da Vivo, Atila Branco, a rede 5G brasileira será uma evolução de tudo o que a empresa vem fazendo nas redes 4G e 4.5G. 

“A Vivo está se antecipando e investindo muito em virtualização de rede, analytics e em ferramentas de inteligência artificial para obter o máximo potencial da rede 5G. Mas o lançamento da rede depende dos desdobramentos da consulta pública do edital do 5G e, posteriormente, das ações derivadas desse debate”, disse ele ao LABS.

Ele diz que será necessária uma grande transformação no coração da rede e nos sistemas de atendimento ao cliente. Na Vivo, toda a parte central da rede será suportada pela tecnologia IP e as funções dos equipamentos serão transformadas em software, no processo conhecido como “virtualização”, o que facilita a administração da rede e a prestação de serviços. 

“Em laboratório já simulamos uma rede totalmente baseada em software, embora num cenário de operação real a complexidade aumente. Esse processo de virtualização é uma necessidade para o 5G que é baseado em computação na nuvem”, explica Branco. Segundo ele, a nova tecnologia permitirá que as redes sejam segregadas para a oferta de diferentes serviços (network slicing, no jargão do setor) e o atendimento ao cliente estará mais próximo a ele, visando a reduzir o tempo de resposta.

TIM

A TIM fez três pilotos no que a empresa chama de “rede viva” – ou rede de operação –, em Florianópolis com a Fundação Certi/UFSC e a Huawei; em Santa Rita do Sapucaí com o Inatel e a Ericsson; e em Campina Grande com a Nokia e o Instituto Virtus/UFCG.

Marco Di Costanzo, diretor de engenharia da TIM Brasil, diz que a ideia é fomentar um ecossistema de desenvolvedores de soluções para 5G.

Marco Di Costanzo, diretor de engenharia da TIM Brasil. Foto: Divulgação

“No momento que tivermos espectro, toda essa preparação será aproveitada para alavancar um go to market (lançamento) mais rápido. Mas após o leilão será necessário a limpeza do espectro. Acreditamos que os primeiros casos de uso comercial ocorrerão no final de 2021″, estima Di Costanzo.

A empresa está utilizando a experiência da Telecom Italia, que lançou a rede 5G comercialmente, em Turim, em junho de 2019, e já tem outras quatro cidades cobertas na frequência de 3.5GHz.

Como preparação, a TIM já lançou 25 datacenters, sendo 14 para aplicações de núcleo da rede (core) e 11 para levar o conteúdo mais próximo do usuário com a chamada arquitetura de edge computing. Em 2020, serão instalados mais dez datacenters, oito edge e dois core. “Esses data centers são a casa para rodar aplicações virtualizadas. Nossa meta é chegar a 70% da rede virtualizada, mas há funções que não valem a pena virtualizar”, explica Di Costanzo.

Oi

Independentemente da eventual venda de sua operação móvel, a Oi também vem preparando sua rede para a 5G. A empresa já fechou contratos com a Huawei e a Nokia para evolução das redes do 2G ao 5G, mas André Ituassu, diretor de engenharia da Oi, ressalta que nada impede novas concorrências. Uma das estratégias da empresa é posicionar-se como um grande provedor de infraestrutura para outras operadoras.

Segundo ele, para o 5G funcionar não adianta ter uma antena se não tiver uma estrutura por trás. É em cima da capilaridade de fibra da Oi, a maior do país, é que a empresa está aprimorando sua estrutura eletrônica, ampliando a capacidade do backbone ótico (OTN), modernizando o núcleo e a rede de acesso IP e a malha metropolitana para suportar toda a demanda que virá da 5G.

André Ituassu, diretor de engenharia da Oi. Foto: Divulgação.

A Oi será a grande viabilizadora no Brasil da 5G, que em algum momento passar por nossa infraestrutura

André Ituassu, diretor de engenharia da Oi.

Claro

A Claro está preparando a sua da rede para a chegada do 5G há algum tempo. Embora não tenha dito em que etapa a empresa se encontra exatamente, Luiz Fernando Bourdotdiretor de inovação tecnológica da Claro, disse que existe um planejamento estratégico para virtualização de rede em sinergia com todas as operações da América Móvil.

“Ser inovadora está no DNA da Claro. Não à toa, foi a primeira a implementar tecnologias como 4G e 4.5G. Para o 5G, a Claro já vem se preparando e, inclusive, já realizou muitos testes”, disse ele ao LABS.

Segundo Bourdot, em 2016 a Claro foi pioneira em trazer a primeira estação rádio-base 5G para o Brasil, em 28 GHz, chegando a aproximadamente 4,2 Gbps. No ano seguinte, a operadora testou vários usos da tecnologia, em diferentes bandas. Em 2018, a operadora conseguir fazer a primeira transmissão em 8k com a tecnologia 5G.

E no ano passado, com uma licença de uso temporário da Anatel e a tecnologia da Ericsson, a Claro conseguiu fazer uma demonstração inédita de holografia no do estádio do Allianz Parque. Na apresentação, o músico Lucas Lima apareceu no palco diante de milhares de pessoas. Da sede da Claro, a cerca de 17km de distância do estádio, ele interagiu com o maestro e tocou Black Dog, do Led Zeppelin, no violino.