O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (19) que lançará o seu sistema de pagamentos instantâneos no dia 16 de novembro e que ele se chamará PIX. Em paralelo, as empresas de cartão estão correndo para desenvolver seu próprio sistema, e lançá-lo ainda no primeiro semestre deste ano. As bandeiras Visa, Mastercard, Elo e American Express se uniram há cerca de um ano para fazer o projeto acontecer, além de uma série de emissores, credenciadoras e processadoras de cartão.
A ideia, revelada em primeira mão pelo jornal Valor Econômico em janeiro, não prejudica a regulamentação em discussão no BC e busca oferecer outra alternativa aos usuários brasileiros que não possuem conta corrente ou de pagamento, mas usam cartões de débito e pré-pagos oferecidos principalmente por fintechs e bancos digitais.
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De maneira geral, tanto o sistema sob o controle do BC quando aquele tutelado pelas bandeiras funcionarão 24 horas, sete dias por semana, e usarão o QR Code como principal modo de pagamento. Em outras palavras, a leitura de um código por uma smartphone será o padrão dos dois sistemas, seja no meio físico (para pagar uma passagem de metrô, por exemplo), se no universo on-line, para pagar por um produto ou serviço. Para permitir essa operação, instituições financeiras e fintechs, em geral, terão de oferecer o pagamento instantâneo entre as opções dos seus aplicativos.
Qual a diferença entre os dois sistemas, então? “Basicamente, no sistema do BC, as transferências serão feitas via contas bancárias. No nosso, já que estamos falando da indústria de pagamentos, funcionará via cartões, de débito e até pré-pagos”, explica o coordenador do Comitê de Transformação Digital da Abecs, Percival Jatobá, ao LABS.
No sistema do BC, as transferências ocorrerão diretamente da conta do usuário pagador para a conta do usuário recebedor, sem a necessidade de intermediários, enquanto que no sistema da indústria de pagamentos isso será feito por meio de um cartão e o aplicativo vinculado a ele.
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Nesta quarta-feira, além da determinação da data e da marca do novo sistema de pagamentos instantâneos, o BC também definiu que a adesão de instituições financeiras e de pagamentos com pelo menos 500 mil contas ativas será obrigatória – o que significa dizer que cerca de 30 organizações, responsáveis por mais de 90% das contas transacionais do país, participarão de pronto do sistema.
Outra diferença está nos usuários. Em ambos os casos, as pessoas físicas deverão ser as primeiras a testar as ferramentas, realizando pagamentos entre si. No caso do BC, no entanto, é esperada, desde o início, a integração de entidades do governo como usuárias também, com o objetivo de facilitar o pagamento de tributos e serviços públicos.
O caminho das empresas de cartão deve ser diferente. “Buscamos a melhor experiência para o usuário pessoa física antes de nos aventurarmos em outras experiências”, ressalta Jatobá. Na sequência, pessoas jurídicas devem ser integradas, assim como toda uma gama de possibilidades própria da indústria de pagamento, como até mesmo oferecer crédito e parcelamento dentro do novo sistema.
Estamos na era do cliente, e ele vai provavelmente escolher a forma de pagamento que for mais conveniente para ele no momento. E a ideia é que essa escolha, que implicará em um sistema ou outro, nem perceptível será
PERCIVAL JATOBÁ, coordenador do Comitê de Transformação Digital da Abecs.
De acordo com ele, o comitê responsável pelo projeto mapeou iniciativas em mais de 35 países e não encontrou nenhum sistema parecido lá fora, ou seja, que use os processos da indústria de pagamentos, como criptografia e tokenização, com toda a segurança a estrutura já existentes, para os pagamentos instantâneos.