O PayPal anunciou nesta quinta-feira uma parceira com vários bancos e neobancos brasileiros para oferecer o cartão de débito como possibilidade de pagamento nas compras online feitas dentro do país.
Conforme o LABS mostrou em agosto, a pandemia de COVID-19 está acelerando o uso de cartões de débito no comércio eletrônico brasileiro. É natural que isso aconteça em um país onde o número de desbancarizados ainda é grande – 45 milhões, segundo pesquisa de 2019 do Instituto Locomotiva – e o acesso ao crédito, restrito. Mas o uso efetivo do dispositivo ainda está longe do seu potencial: segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), atualmente, 78% das compras online são realizadas com cartão de crédito no país; 6,5%, com cartão de débito.
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Dados consolidados divulgados pelo Banco Central no início deste mês mostram que o país tinham 132 milhões de cartões de débito ativos no ano passado, 14% mais do que em 2018, e 123 milhões de cartões de crédito, 18% a mais que no ano anterior.
Se o hábito do consumidor já está mudando mais rápido, o que falta para o uso do débito decolar nas compras online é a integração de mais emissores (bancos e fintechs que são quem efetivamente decide conceder um cartão para um usuário) e varejistas com o método. A maior adesão de fintechs de pagamento que fazem o meio de campo entre lojas virtuais e consumidores, como é o caso do PayPal, também é estratégica.
Como funciona a solução do PayPal

O lançamento da solução de débito do PayPal vem a partir de uma parceria firmada com Itaú Unibanco, Bradesco, Next, Nubank, C6 Bank, Inter e Caixa Econômica Federal. Esses emissores representam hoje cerca de 70% dos cartões de débito do país, mas o PayPal espera integrar ainda mais emissores à solução.
Carlos Nomura, head de pagamentos do PayPal Brasil, disse, em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira, que a solução da fintech não exige autenticação adicional, como digitar uma senha. “Os próprios bancos podem colocar algum limite diário ou mensal de utilização como mais uma camada de segurança. Mas do lado do PayPal, a gente que seja uma experiência tão simples como as outras que oferecemos”.

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Na solução do PayPal, após adicionar o cartão, o cliente verá uma mensagem de confirmação no app ou no site, e também um email. Quem tem cartão múltiplo verá as opções débito e crédito separadas e poderá escolher entre elas.
O PayPal tem hoje 346 milhões de contas de usuários ativos no mundo, 10,2 milhões na América Latina e 4,3 milhões no Brasil. Em 2019, foram feitas 12,4 bilhões de transações por meio da fintech no mundo, com um volume total de pagamentos (TPV) de US$ 712 bilhões.
O Brasil é o único país onde a fintech atua com uma solução de débito que compreende cartões múltiplos, já que isso é algo tipicamente brasileiro. Do lado dos 350 mil lojistas no país que têm a opção do PayPal como pagamento não haverá nenhuma taxa extra para a utilização do cartão de débito, ou seja, o novo método está dentro do pacote padrão da fintech para vendas no território nacional: 4,79% + R$ 0,60 fixo por cada transação, para disponibilidade dos valores para o lojista em 24 horas; e 3,60% + R$ 0,60 fixo por cada transação se o lojista receber os valores dentro de 30 dias.
Nomura explica que a impossibilidade de se usar o cartão de débito em compras internacionais se deve à falta de um processo que permita isso entre bandeiras e emissores no Brasil. “Não é uma questão regulatória, mas de desenvolvimento de mensageria, que está sendo trabalhado entre emissores e bandeiras”. Ele também reforçou que o PayPal está seguindo de perto o cronograma do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central que deve ser lançado oficialmente em novembro, e que a fintech vai oferecer o método como parte de sua cesta de pagamentos.