Nem bem 2020 começou e o ecossistema latino-americano ganhou um novo unicórnio–startup avaliada em US$ 1 bilhão ou mais. No último dia 2, a Loft, atingiu esse valor de mercado, segundo veículos como jornal O Estado de S.Paulo e a revista Exame, ao receber um aporte US$ 175 milhões, liderado pela Vulcan Capital e a Andreessen Horowitz (a empresa não confirma oficialmente esse novo valor de mercado).
O que a startup faz? Compra, reforma e vende imóveis, em um prazo total de quatro meses – sim, isso é rápido para um setor engessado pela burocracia legal e financeira como o mercado imobiliário brasileiro. Mas a empresa quer simplificar ainda mais todo o processo envolvido em uma das maiores paixões dos latinos-americanos: ter uma casa própria.
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“Vemos o mercado de real estate das grandes cidades brasileiras e latino-americanas como uma grande oportunidade de negócio, pois hoje o processo de compra, reforma e venda, de forma geral, tem diversos pontos de melhoria no que diz respeito à qualidade da experiência do usuário”, explicou Mate Pencz, um dos co-fundadores e co-CEOs da startup, ao lado de Florian Hagenbuch, em entrevista ao LABS.
Em termos práticos, isso quer dizer tornar os dados reais de compra e venda (ou seja, o valor realmente pago pelo imóvel e o valor financiado, por exemplo) visíveis e trabalhá-los da forma mais transparente possível, além de fazer reformas simultâneas e com garantia (para isso, adquiriu mais da metade das ações da startup especializada em reformas Decorati).
“Em termos de Brasil, vivemos um contexto econômico favorável, com os juros no menor patamar da história, o que é uma grande razão para as pessoas saírem do aluguel e partirem para o imóvel próprio”, observa o executivo.

Loft quer chegar a mais cidades e diversificar tipo de imóvel comercializado
Desde a sua fundação, em agosto de 2018, a Loft levantou US$ 275 milhões em investimentos. Algo realmente impressionante e que talvez se explique pelo rápido crescimento da empresa: em 2019, a Loft gerou US$ 150 milhões em receitas e comprou, reformou e vendeu mais de 1 mil apartamentos na cidade de São Paulo.

O mercado de real estate mundial tem seis vezes o tamanho do PIB mundial. Facilitar a compra, a reforma e a venda de imóveis por meio da aplicação de tecnologia está apenas começando em todo o mundo
Mate Pencz, co-fundador da Loft.
A megalópole brasileira foi o ponto de partida para a startup, que começou a atuar na cidade comercializando os apartamentos de luxo dos bairros Itaim, Jardim Paulistano e Jardins, mas logo expandiu sua atuação e agora atua em 18 bairros da capital paulista. Com o novo aporte, a Loft chega ao Rio de Janeiro e à Cidade do México, seu primeiro mercado internacional, nos primeiros meses de 2020–Juan Pablo Ramos, ex-diretor de expansão regional do Uber Eats na América Latina, foi contratado para essa primeira operação fora do Brasil.
Pencz não detalhou a chegada ao México, mas imagina-se que a empresa comece a explorar a megalópole mexicana aos poucos, em bairros específicos, assim como fez em São Paulo.
Até o segundo trimestre, será a vez de Belo Horizonte e, até o fim de deste ano, outras três capitais devem receber os serviços da startup (Curitiba, Porto Alegre e Brasília estariam entre as candidatas).
A diversificação quanto ao tipo de imóvel também está nos planos da startup, que informa que os apartamentos de menos de 100 metros quadrados já respondem por um quarto das transações da empresa em São Paulo. Segundo Pencz, essa proporção deve aumentar mais e de forma acelerada nos próximos meses, a medida que a empresa chega a novas praças.
Loft não tem medo da concorrência
Recentemente, outra startup brasileira do ramo, que também virou unicórnio, a QuintoAndar, passou a testar, em um projeto-piloto, a reforma de imóveis antes de colocá-los para locação, além da compra e venda de imóveis, em algumas regiões de São Paulo.
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São modelos de negócio similares, mas com focos e operações distintas. A QuintoAndar começou focada no aluguel, com um olho no proprietário que não quer deixar sua fonte de renda extra parada, e o outro no inquilino jovem, que não vê mais razão para ter um imóvel próprio. Hoje, opera em 25 cidades brasileiras.
As gerações mais novas, mesmo na América Latina, tendem a olhar com mais desapego para o imóvel. Questionado sobre isso, Pencz respondeu que é provável que a Loft venha a lançar, “no futuro”, um serviço também para o mercado de locação, como forma de complementar seu portfólio, mas que não há novidades sobre isso no momento.
E a Loft não tem medo da concorrência. “A recente entrada de concorrentes é uma ótima notícia a todos, porque valida o modelo. Estamos no caminho certo”, disse Pencz.