Diretora comercial da Sky, Carmen Gloria Serrat.
Diretora comercial da Sky, Carmen Gloria Serrat. Foto: Divulgação
Turismo

De legacy a low-cost: Sky muda modelo de negócios para oferecer tarifas mais baixas

Companhia aérea chilena enxugou custos e reduziu estrutura em 2015 para investir em aeronaves mais econômicas e abrir uma subsidiária no Peru

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Por mais de 13 anos, a Sky foi uma companhia aérea do tipo legacy. Ela vendia passagens em lojas físicas e pelas operadoras de turismo, embutia despacho de bagagem e marcação de assentos no preço da passagem, servia refeições a bordo, assim como qualquer outra empresa tradicional do ramo. Em 2015 a empresa decidiu abandonar esse formato e apostar em um modelo inspirado nas low costs europeias. Transformou-se radicalmente em pouco tempo. Reduziu custos na operação e passou a oferecer tarifas mais baixas aos passageiros, dando a liberdade a eles para que escolhessem o que quisessem além da passagem.

Essa mudança foi liderada pelo CEO Holger Paulmann logo após a morte de seu pai, fundador e então CEO da Sky, Jürgen Paulmann. Não foi uma transição fácil. Para entrar no mundo das low-costs, precisou abrir mão de cerca de 40% das fontes de renda, que vinham de vendas de operadoras de turismo ou de passageiros de companhias aéreas parceiras. No entanto, ao mesmo tempo em que perdeu receita, investiu em tecnologia, apostou em canais de venda direta, como o próprio site, ajustou a malha de rotas e passou a oferecer serviços extras aos passageiros.

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“Foi um processo árduo e difícil porque muitos achavam que o modelo low-cost não funcionaria em um mercado como o chileno. Além disso, havia o precedente de que muitas companhias aéreas que tinham tentado competir com a Latam não tiveram êxito”, explica a diretora comercial da Sky, Carmen Gloria Serrat.

Buscamos ser o mais eficientes possível para conseguir baixar o preço das passagens, mas sem sacrificar nosso compromisso com os clientes de entregar um serviço simples e confiável

Carmen Gloria Serrat, diretora comercial da Sky.

Outro pilar dessa mudança, e que ainda está em curso, é se apoiar em uma frota moderna. Isso significa trocar os aviões Airbus A319 e A320 com uma idade média de 15 anos por aeronaves A320neo, mais eficientes e que consomem em média 20% a menos de combustível. De uma encomenda de 21 exemplares do modelo, a Sky já recebeu 11 e espera contar com o restante até 2021, quando terá somente aviões de nova geração. Na carteira de pedidos ainda estão três A321neo, com maior capacidade – 220 contra 186 do A320neo.

“Os A320neo são a última geração de aviões para voos de curto alcance. Recentemente alcançamos 50% da nossa frota com esses aviões, fomos a primeira low cost da América Latina a introduzir o A320neo na frota e seremos a primeira companhia aérea da América do Sul a ter uma frota 100% A320neo”, comenta Serrat.

Sky está trocando os aviões Airbus A319 e A320 com uma idade média de 15 anos por novas aeronaves A320neo. Foto: Divulgação

Ao padronizar a frota somente com aviões da nova geração, a Sky poderá simplificar, agilizar e manter segura a operação. “Quanto mais modelos de aviões se tem, maior é a complexidade operacional e maior o risco operacional, maior a probabilidade de cometer erros, porque precisa ter mecânicos que estejam preparados para manter aviões de fabricantes distintos”, explica a diretora comercial da empresa.

Essa transformação do negócio tem gerado resultados significativos para a empresa. Desde que adotou o modelo low-cost, a Sky tem crescido anualmente acima dos 10% em quantidade de passageiros transportados. Se em 2014 somou 2,45 milhões de viajantes em seus aviões no mercado doméstico chileno, em 2018 esse número passou dos 3,46 milhões. Esta marca deve ser superada até o fim deste ano, já que entre janeiro e setembro transportou 2,82 milhões de pessoas.

Expansão da Sky passa pelo Peru

A partir de um novo modelo de negócio, a Sky avaliou a possibilidade de operar domesticamente em outros mercados e viu no Peru uma boa oportunidade. Segundo a análise da empresa, há muito espaço para crescimento, especialmente entre os passageiros que usam o transporte terrestre hoje e que não podem pagar caro por passagens aéreas.

Ao deslocar quatro aviões A320neo para o Peru, a Sky iniciou os voos internos em abril de 2019, todos partindo ou chegando à capital Lima. Em seis meses de operação, já havia transportado mais de 500 mil passageiros – a meta revisada é chegar próximo do 1 milhão de viajantes até o fim do ano.

Temos uma taxa de ocupação de 83% e pontualidade de 95% no Peru. Me atrevo a dizer que é o melhor início de uma companhia aérea em um país novo nos últimos 30 anos

CARMEN GLORIA SERRAT, DIRETORA COMERCIAL DA SKY.

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Para seguir crescendo, a frota será reforçada com mais duas aeronaves A320neo, totalizando seis. São elas que permitirão à companhia, por exemplo, iniciar a primeira rota que não passa por Lima. No início de 2020, a Sky Peru vai voar diretamente entre Arequipa e Cusco.

“Estamos apostando em alcançar entre 25 e 30% de participação de mercado [no Peru]. Isso, no planejamento original, estava previsto para acontecer dentro de três anos, mas acreditamos que vamos conseguir antes. No fim de 2021 já esperamos ter um market share de 25%”, complementa Serrat.

Enquanto o foco atual é aumentar a operação no Peru, a Sky segue expandindo sua malha para outros países. A empresa é a low-cost da América do Sul com mais rotas internacionais. A partir de Santiago, ela conecta passageiros a outros três países: Argentina (Buenos Aires e Córdoba), Brasil (Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo) e Peru (Lima). Em dezembro, vai expandir a participação no Brasil, com voos entre a capital chilena e Salvador, porém somente na temporada.

O Brasil, aliás, é um destino chave para a Sky. Após um ano de operação no país – o primeiro voo foi entre Santiago e Rio em novembro de 2018 –, a empresa tem aumentado a presença em céus brasileiros.

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“O Brasil é um dos mercados mais importantes da América Latina e com menos de um ano de operação já anunciamos aumento de frequências e novas rotas. Isso mostra a boa recepção que tivemos no mercado brasileiro”, avalia a diretora comercial da companhia.

Apesar do foco no Peru e nos voos internacionais, a companhia vislumbra operar domesticamente em outro mercado latino-americano. Argentina e Brasil seriam os favoritos. A Sky, porém, não confirma. “Esperamos que no futuro possamos entrar em um terceiro mercado dentro da América Latina, mas por enquanto, no curto prazo, não está no horizonte”, finaliza Serrat.

Raio-X da Sky:

Frota – 20 aeronaves

  • 9 Airbus A319
  • 11 Airbus A 320neo

Destinos – Total: 29

  • 14 no Chile
  • 10 no Peru
  • 3 no Brasil (+1 a iniciar)
  • 2 na Argentina