Não é de hoje que o Brasil é reconhecido mundialmente como um país turístico. Como destino, ele oferece experiências únicas aos viajantes dos mais diversos perfis, seja no litoral paradisíaco, seja nas metrópoles ricas em diversidade.
Quando se fala em turismo no Brasil, as belezas naturais e a cultura pulsante do país ficam na mira dos holofotes. Pouco se fala, no entanto, sobre o brasileiro como turista. Por isso, é preciso reforçar: viagens e experiências turísticas estão cada vez mais presentes nos planos dos brasileiros.
Da crise ao otimismo

É necessário reconhecer que, nos últimos anos, a crise econômica que assolou o Brasil interferiu de alguma maneira nos planos turísticos dos brasileiros. Alguns tiveram que adiar a tão desejada viagem internacional, outros optaram por destinos mais próximos e baratos e com gastos reduzidos.
O cenário passou por uma melhora já em 2017. A estabilização da economia e a expectativa da retomada econômica surtiram efeitos positivos nos números relacionados ao comportamento turístico dos brasileiros.
Para se ter uma ideia, o Brasil saltou da 25ª para a 16ª posição no ranking global dos países que mais gastaram com turismo em 2017. De acordo com dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), o país foi responsável por injetar US$ 19 bilhões na economia mundial naquele ano por meio do turismo, US$ 5 bilhões a mais que em 2016, ficando acima de importantes mercados como o Japão, a Índia e os Emirados Árabes.
O Barômetro de Turismo Mundial da OMT, pesquisa realizada pela organização, identificou crescimento nos gastos com turismo internacional em todos os 25 principais mercados do mundo. Mas o Brasil se destacou – e muito – na pesquisa: foi o país que registrou maior alta.
A trajetória de crescimento dos gastos no exterior seguiu em ascensão no primeiro semestre de 2018, quando registrou alta de 8,7%. Até que o panorama interno de incertezas, gerado pelo período eleitoral de 2018, freou brevemente esse crescimento no segundo semestre, já que o dólar bateu a marca dos R$ 4,20 nos períodos mais turbulentos das eleições.
Hoje, o cenário é consideravelmente mais seguro para os brasileiros que estão pensando em investir em viagens. O dólar registrou mais estabilidade, mantendo-se em patamares registrados em meados de 2018, antes do período de alta. O otimismo do mercado com a retomada da economia vem surtindo efeitos e deixando os brasileiros mais dispostos a gastar.
Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que representa os empresários do turismo no Brasil, identificou que intenção de consumo das famílias brasileiras avançou 2,7% em fevereiro em relação a janeiro. Na comparação com o mesmo período de 2018, trata-se de uma alta de 13,1%.
Essa trajetória em ascensão, aliada à expectativa da Organização Mundial do Turismo (OMT) de crescimento de 4% para o setor em nível global, representa uma ótima oportunidade para investidores que estão pensando em apostar no turismo brasileiro.
O maior mercado da América Latina, com 207 milhões de pessoas e uma classe média disposta a gastar com viagens, não pode ficar de fora dos planos de quem deseja expandir para cá.
A dica é: além de se atentar ao potencial da região, que já está comprovado, os investidores precisam ficar atentos também ao perfil do turista brasileiro. Nos últimos anos, diversas pesquisas têm se dedicado a descobrir o comportamento do brasileiro em seus períodos de folga. Aqui pode estar o ponto-chave para o seu negócio crescer.
Perfil do turista brasileiro

O turista de 2019 procura experiências diferentes das que estavam na lista de desejos dos viajantes em outros períodos. As profundas mudanças no mercado do turismo, provocadas principalmente pela tecnologia, transformaram não só os serviços da área, mas também os desejos dos consumidores. Tal dinâmica não é diferente para os turistas brasileiros.
Essas transformações são resultado do fortalecimento de empresas cuja atuação diversificou as maneiras de viajar. Um dos exemplos mais emblemáticos é o AirBnb, que transformou e popularizou a experiência turística em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Além de oferecer um benefício duplo a quem opta pelo serviço – o turista geralmente gasta menos para se hospedar e o host recebe pelo serviço ofertado -, a empresa está aprimorando a oferta de experiências, alavancando as oportunidades do turismo para além das acomodações.
Falando nisso, em uma pesquisa sobre as tendências para o turismo em 2019, o Booking.com identificou que 68% dos turistas brasileiros consideram fazer intercâmbios culturais e 52% investiriam em uma viagem que proporcionasse uma experiência profissional.
Em outras palavras, 7 em cada 8 turistas brasileiros são motivados pelas experiências culturais envolvidas na viagem. Atentar-se para esse perfil pode ser uma estratégia valiosa para quem deseja investir no mercado do país.
A pesquisa, realizada com 21.500 viajantes de 29 países, também identificou que a maioria dos brasileiros pretende fazer viagens mais curtas em 2019, com a duração aproximada de um final de semana. A escolha por roteiros personalizados, aqueles alinhados especialmente ao perfil do turista, também ganharam destaque na pesquisa.
A influência da tecnologia no perfil do turista do Brasil também precisa ser levada em consideração por quem está pensando em investir nesse mercado. Segundo o levantamento, 40% dos viajantes brasileiros gostariam que alguém fizesse o planejamento de suas viagens. Além disso, 59% desejam que as empresas invistam mais em tecnologias de inteligência artificial para que possam sugerir experiências baseadas nas viagens anteriores.
A preocupação com o meio-ambiente também chama a atenção no perfil dos turistas brasileiros. Para 97% deles, não seria um problema passar algum tempo se dedicando a atividades que pudessem compensar o impacto ambiental de sua estadia.
De modo geral, a pesquisa revela que o turista brasileiro está mais consciente, prioriza experiências únicas e conta com a ajuda da tecnologia para tornar a viagem mais prazerosa. Esse panorama revela que tão importante quanto se preocupar com o potencial do mercado brasileiro de turismo é adequar as ofertas ao perfil dos consumidores.
Do planejamento ao pagamento

Com a intenção de consumo em alta e um cenário de estabilidade econômica, o investimento dos brasileiros em turismo deve seguir a trajetória de crescimento dos últimos anos. Sem a previsão de uma variação brusca do dólar para os próximos meses, o brasileiro está se sentindo mais seguro para tirar do papel o plano de viajar.
Aos investidores que estão pensando em explorar o maior mercado da América Latina, cabe a tarefa de alinhar os produtos, os serviços e as estratégias de marketing ao perfil do turista brasileiro, que mudou consideravelmente nos últimos anos. O investimento em tecnologia ganha destaque nesse cenário. Além disso, as experiências, mais do que as mercadorias, têm ganhado lugar cativo entre os brasileiros.
Além dessa preocupação, é importante que a empresa torne o serviço acessível ao consumidor. Nesse ponto, ganha destaque um traço do comportamento do brasileiro: ele prefere os pagamentos parcelados. Por isso, é essencial oferecer métodos de pagamentos locais aos brasileiros. Essa estratégia certamente irá aproximar esse consumidor dos serviços oferecidos pela empresas.