Turismo

Viajantes da Geração Z usam agência de viagens tradicionais para curadoria, mas compram online

Especialista opina sobre a importância dos pós-millenials para o setor de turismo

Cada indivíduo tem a sua própria personalidade e estilo, mas como humanos somos naturalmente sociais e desejamos pertencer a um grupo em que nos sentimos parte e compartilhamos de valores, crenças e desejos similares.

A geração a qual pertencemos, é o nosso primeiro grupo e estudar as gerações nos permite entender as características e comportamentos do coletivo de pessoas que nasceram em um determinado período de tempo e cujos acontecimentos construíram uma forma comum de pensar e agir. É lógico que há distinções e particularidades entre seus membros, mas quando observamos de forma atenta, percebemos muitas e muitas afinidades e similaridades. Somos impactados pelo contexto que nos rodeia e forjamos nossa personalidade a partir disso.

Para entender o que pensam as gerações mais novas, realizamos uma pesquisa com mais de 400 viajantes da geração Z de todo o Brasil. A pesquisa foi conduzida através de questionários online, observação netnográfica e grupos focais para identificar as principais características e desejos dos pós-millennials e que mudanças eles protagonizarão no setor.

A geração Z, ou Geração Gol como estamos chamando na pesquisa, é formada por um grupo de indivíduos mais pragmáticos e resilientes que os millennials que os antecedem. Toda geração atual corrige os excessos da geração anterior e com isso, buscamos entender que transformações podem ocorrer no universo das viagens com estas mudanças de perfil.

Geração Gol, porque a companhia área nasceu em 2001, revolucionando a aviação brasileira com uma nova proposta e modelo de negócio, democratizando as viagens aéreas no país e a ONU classifica aqueles que nasceram a partir de 2001 como os membros da Geração Z. Há alguns autores e estudos que posicionam seu nascimento a partir de 1995, mais precisamente entre 1997 e a atualidade. Foi esta data de corte usada na pesquisa.

Para entendermos o contexto e os fatores que moldaram esta geração, devemos pensar que enquanto os millennials nasceram em um dos períodos mais prósperos economicamente, a Geração Gol já não encontrou esta facilidade toda. O crescimento econômico atual é lento ou inexistente, há forte ruptura daquilo que entendíamos como verdades absolutas e o período é marcado pela verdadeira conectividade universal.

Com tudo isto, esta geração foi ensinada pelos seus pais a desenvolver a resiliência e integridade, planejar para o futuro e evitar a futilidade e riscos desnecessários. Isso faz deles uma geração menos egocêntrica e mais voltada para soluções práticas. Além disso, são os verdadeiros nativos digitais, pois são a primeira geração nascida pós-internet, realmente conectada, móvel e que nunca conheceu um mundo sem Google.

A Geração Gol é formada por viajantes frequentes a lazer (86,59% viajaram a lazer nos últimos 12 meses) e começam agora a viajar também a trabalho (35,12%).

A Geração Gol viaja de 2 a 3 vezes no ano. São viagens curtas, para destinos regionais, principalmente para a praia. O principal objetivo é desconectar e relaxar com parceiros e amigos. Ainda gastam menos que as gerações anteriores (R$ 750 comparados com os R$ 3.000 dos millennials), mas já são consumidores de toda a cadeia do turismo.

Viajam para destinos escolhidos e por isso, começam a planejar a viagem com antecedência buscando os melhores preços e promoções. O tempo médio de antecedência é 3 meses.

Dado o excesso de informações e possibilidades disponíveis, a Geração Gol utiliza as operadoras e agências de viagens tradicionais como curadoras de viagens, ajudando a fazer o filtro das opções e oportunidades. Entretanto, a conversão online é mais significativa. Os membros da geração Z são autônomos e organizam cada parte de sua viagem de forma independente, buscando aquilo que é mais autêntico e menos associado ao turismo de massa.

Figura 1 – Canais de Pesquisa e Compra de Viagens

Consultam de 2 a 4 sites ou aplicativos antes de fazer suas reservas, especialmente para comparar preços (86,34%), checar comentários e opiniões de outros clientes (62,20%) e procurar ofertas e promoções (57,56%).

Finalmente, são tecnológicos por natureza e não seria diferente nas viagens. 40,49% utilizam cartão de embarque no celular, 32,68% acessam apps de agências de viagem e 30,73% optam pelo atendimento por aplicativo de mensagens. 60,24% compartilham com frequência momentos das viagens nas redes sociais, principalmente no Instagram, com forte queda da popularidade do Facebook quando comparado aos millennials.

O que vimos é que a Geração Gol gosta de viajar. Por ainda não terem renda suficiente, são cuidadosos nas suas escolhas, planejam com antecedências e buscam melhor preço e promoções. Em relação ao comportamento geral e hábitos de viagens, são bem parecidos com os millennials. Isso significa que veremos cada vez mais modelos diferentes e inteligentes sendo considerados e comprados por esta geração. Tudo é válido!

Segundo dados da Phocuswright, o turismo brasileiro cresce em média 6% ao ano, sendo que a penetração das vendas online chega a 42%, portanto, é fundamental entender estes nativos digitais e que transformações eles protagonizam na atividade. Qualquer empresa turística deve estar atenta aos movimentos das novas gerações, porque eles são influenciadores e decisores das viagens em família e também porque são ou serão o público da maioria das empresas.

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