- 49% dos brasileiros não se sente à vontade nos bancos;
- 66% consideram que os bancos cobram muitas tarifas e que quanto menos usarem, melhor.
Se por um lado o Brasil começa a implantar seu modelo de open banking, o que significa um sopro de inovação e inclusão financeira por meio da digitalização, por outro lado o país ainda tem 34 milhões de brasileiros com acesso precário ao sistema bancário – o equivalente a 21% da população que movimenta aproximadamente R$ 347 bilhões ao ano.
As informações são de pesquisa do Instituto Locomotiva a partir de dados coletados em janeiro. São 16,3 milhões de pessoas desbancarizadas, ou seja, sem conta em banco; e outras 17,7 milhões sub-bancarizadas, ou seja, que utilizam pouco ou não têm acesso aos produtos e serviços disponíveis no mercado. No mesmo período em 2020, a proporção de desbancarizados e sub-bancarizados era de 29%.
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De acordo com Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, o open banking poderá impactar positivamente esse cenário, mas o sistema bancário precisa antes resolver um outro desafio – e a resposta certa vale alguns bilhões.
“Ainda não está claro como o open banking vai acontecer no Brasil nem sua abrangência. Mas há um desafio anterior ao sistema bancário, que é o de incorporar esse contingente formidável dos não bancarizados. São 16 milhões de brasileiros. Como? a resposta vale R$ 173 bilhões, que é o quanto essa parcela da população movimenta por ano, ou 4% da massa de renda que circula no mercado”, diz.
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A pesquisa mostra ainda que 79% dos brasileiros (127,4 milhões de pessoas) são bancarizadas e movimentaram a conta no último mês. Entre a parcela que não possuí conta em banco, 44% afirma não querer ou não precisar do serviço, e 40% afirma não possuir renda ou estar negativado.
Bancos digitais avançam
Apesar de os bancos tradicionais ainda responderem pela maior fatia do mercado, com exclusividade de 51% dos correntistas, o número de pessoas com conta em banco digital já chega a 39%. Para se ter uma ideia, entre os entrevistados com conta bancária, o banco digital Nubank aparece em quarto lugar, atrás da Caixa Econômica Federal, do Bradesco e do Banco do Brasil e à frente de bancos tradicionais como o Itaú e o Santander.
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O crescimento dos bancos digitais têm a ver também com a busca dos consumidores por serviços com um melhor custo benefício, uma vez que o sistema bancário brasileiro é famosamente conhecido pelas taxas elevadas. A pesquisa do Instituto Locomotiva confirma que 66% dos brasileiros consideram que há um excesso de tarifas, o que também explica o fato de que a maioria dos brasileiros utiliza a conta principalmente para receber e sacar dinheiro (65%).
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O desafio dos bancos também passa pela forma como as instituições são vistas por parte da população, já que 49% dos entrevistados afirmou não se sentir à vontade em bancos. Para Meirelles, o desconforto se deve à ideia comum de que os bancos não se interessam, ou se interessam pouco, por quem não tem dinheiro.
“Há uma impressão de que falta acolhimento e parceria por parte dos bancos. A crescente digitalização dos serviços também tem seu quinhão de culpa. Se, de um lado, facilitou a vida dos clientes, de outro contribuiu ainda mais para a sensação de impessoalidade e distanciamento”, avalia.