Economia

Argentina muda estratégia contra a pandemia para proteger a economia

O governo de Alberto Fernandez quer evitar um lockdown geral; em vez disso, quer estabelecer restrições em localidades específicas e por menos tempo

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Foto: REUTERS/Agustin Marcarian
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  • Enfrentando a segunda onda da pandemia, com recordes de novos casos e mortes, a Argentina precisa mudar estratégia de combate para preservar uma já combalida economia;
  • A proximidade das eleições de meio de mandato em outubro e a baixa popularidade do governo devido à crise econômica e sanitária pressionam o governo a não fazer novo lockdown geral;
  • No ano passado, a economia da Argentina encolheu 10%, chegando ao terceiro ano consecutivo de recessão.

Quando a pandemia de COVID-19 atingiu a Argentina em 2020, o presidente Alberto Fernandez defendeu a estratégia de preservar o sistema de saúde e salvar vidas, ainda que como consequência das medidas restritivas a economia fosse afetada. 

Agora, quando o país vê a pandemia se agravar e o número de casos e mortes aumentar na segunda onda – na terça-feira, 6, registrou 20.870 novos casos e 163 mortes, um recorde desde o início da pandemia – o governo federal decidiu ajustar sua estratégia para priorizar a proteção da economia nacional. 

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O país aposta que a experiência em lidar com o coronavírus adquirida até aqui, o avanço da campanha de vacinação e bloqueios regionais de períodos mais curtos sejam o suficiente para manter o contágio controlado. 

Momento delicado

A segunda onda da pandemia atinge a Argentina em um momento delicado para o governo peronista de Fernandez: a popularidade baixa devido ao longo e rígido lockdown adotado no país no ano passado e a economia em queda ameaçam as eleições de meio de mandato em outubro, quando o governo precisa ganhar para ter a maioria no Congresso. 

Além disso, a Argentina também está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para renegociar uma dívida de US$ 45 bilhões em empréstimos e precisa encontrar um caminho para voltar a crescer economicamente e fortalecer a moeda nacional. 

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Nesse cenário, impor um novo lockdown nacional está fora de questão. O governo Fernandez quer, em vez disso, utilizar dados do sistema de saúde para definir restrições localizadas de curto prazo, reforçar as medidas sanitárias e manter o controle rígido das fronteiras, segundo informou uma fonte do governo à Reuters. O governo também quer acelerar a vacinação, que está atrasada por falta de doses, e vacinar todos os profissionais de saúde e os grupos de risco antes do inverno chegar.

Efeitos na economia

No ano passado, a economia da Argentina recuou cerca de 10%, chegando ao terceiro ano consecutivo de recessão. Os níveis de pobreza alcançaram 42% no segundo semestre do ano passado. O ministro da Economia, Martin Guzman, já afirmou que o país “não poderia suportar” outro lockdown total.