- A alta anual foi a maior dos registros recentes do país, grande exportador de grãos e carnes, e ficou acima da mediana das projeções dos analistas, de 17,3%;
- Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, no entanto, a economia recuou 1,4%;
- Nesta quarta-feira, o país está fazendo um pagamento ao FMI, mas ainda precisa fechar as negociações para reestruturar sua dívida com o Fundo.
A economia da Argentina deu um salto de 17,9% no segundo trimestre na comparação anual, acima do previsto por economistas, em uma forte recuperação após contração expressiva sofrida no mesmo período de 2020, quando a economia enfrentava o baque da pandemia da COVID-19.
A alta anual foi a maior dos registros recentes do país, grande exportador de grãos e carnes, e ficou acima da mediana das projeções dos analistas, de 17,3%. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, no entanto, a economia recuou 1,4%.
“A forte recuperação foi impulsionada pelo setor de construção, que estava voando no segundo trimestre”, disse Lucio Garay Mendez, economista da consultoria EcoGo, acrescentando que o crescimento foi afetado pelo endurecimento das restrições relacionadas à COVID-19 no trimestre. “Isso foi resultado da intensificação das restrições à mobilidade com a chegada da segunda onda”, disse.
Mergulhado em recessão desde 2018, o país ainda tenta se recuperar do impacto da pandemia, que atingiu gravemente a popularidade do governo de centro-esquerda de Alberto Fernández. Desde a derrota do governo nas primárias do última dia 12 de setembro, o clima de conflito entre Fernández e a vice, Cristina Kirchner, esquentou e ameaça a governabilidade do Executivo no país. Medidas tomadas por Fernández desde o fim de semana, atendendo parte dos desejos de Cristina, amenizaram um pouco a situação, mas apenas temporariamente.
Na manhã de terça-feira, por exemplo, o governo divulgou planos para afrouxar as restrições à pandemia, incluindo a flexibilização gradual do que têm sido controles de fronteira rígidos, em uma tentativa de reviver a atividade econômica — e também agradar parte da classe política e dos eleitores cansados das restrições.
Novela com o FMI ganha fôlego
E nesta quarta-feira, o país fará um pagamento de quase US$ 1,9 bilhão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), de acordo com duas fontes do governo e a agência de notícias estatal Telam, em amortização de uma dívida com o organismo multilateral que totaliza US$ 45 bilhões.
O pagamento será feito com recursos que a Argentina recebeu do programa de Direitos Especiais de Saque (SDRs, na sigla em inglês) do FMI distribuídos em agosto para ajudar membros da instituição global a combater as consequências econômicas da pandemia do coronavírus. Os SDRs representam ativos em moeda estrangeira.
A agência de notícias estatal Telam confirmou que os recursos dos SDRs seriam usados para permitir a transferência de US$ 1,885 bilhão.
A Argentina precisa fazer um pagamento ao FMI de US$ 400 milhões referentes a juros de novembro e de cerca de US$ 1,9 bilhão referente à parcela da divida principal em dezembro, de acordo com um cronograma de suas obrigações de dívida.
O país sul-americano está em negociações com o Fundo para reestruturar sua dívida, num momento em que sua economia tem sido prejudicada por uma inflação persistentemente alta e aumento da pobreza, problemas agravados pela pandemia ainda em curso.