- A pesquisa Pnad Contínua mostrou que a taxa de desemprego atingiu 11,1% nos três meses até dezembro, de 12,6% no terceiro trimestre e 11,6% no trimestre até novembro, informou o IBGE nesta quinta-feira;
- Esse resultado é o mais baixo desde o quarto trimestre de 2019, mostrando que o mercado de trabalho vem se recuperando dos problemas causados pela pandemia de coronavírus mesmo com a sazonalidade de fim de ano;
- Apesar dos indícios de melhora no mercado de trabalho, a inflação alta vem corroendo a renda real, com o rendimento dos trabalhadores encerrando 2021 no menor nível da série histórica.
O Brasil encerrou o quarto trimestre de 2021 com recuo da taxa de desemprego para o nível mais baixo desde o final de 2019, mas ainda com 12 milhões de desempregados e com o menor nível histórico do rendimento real.
A pesquisa Pnad Contínua mostrou que a taxa de desemprego atingiu 11,1% nos três meses até dezembro, de 12,6% no terceiro trimestre e 11,6% no trimestre até novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
Esse resultado é o mais baixo desde o quarto trimestre de 2019, mostrando que o mercado de trabalho vem se recuperando dos problemas causados pela pandemia de coronavírus mesmo com a sazonalidade de fim de ano.
No mesmo período de 2020, a taxa era de 14,2% e o resultado do final do ano passado ficou pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 11,2%.
A taxa média anual foi de 13,2%, abaixo dos 13,8% de 2020, ano em que o mercado de trabalho sentiu os maiores impactos da pandemia de coronavírus, mas ainda a segunda maior da série histórica iniciada em 2012.
Ainda assim, o patamar pré-Covid ainda não foi recuperado, de acordo com o IBGE, já que em 2019 a taxa média foi de 12%.
“Em 2021, com o avanço da vacinação e a melhora no cenário, houve crescimento do número de trabalhadores, mas ainda persiste um elevado contingente de pessoas em busca de ocupação”, disse a coordenadora do IBGE Adriana Beringuy.
“É um ano de recuperação para alguns indicadores, mas não é o ano de superação das perdas, até porque a pandemia não acabou, e seus impactos, ainda em curso, afetam diversas atividades econômicas e o rendimento do trabalhador”, completou.
Apesar dos indícios de melhora no mercado de trabalho, a inflação alta vem corroendo a renda real, com o rendimento dos trabalhadores encerrando 2021 no menor nível da série histórica.
Nos três meses até dezembro, o rendimento dos trabalhadores foi de 2.447 reais, uma queda de 3,6% frente ao trimestre anterior e de 10,7% em relação ao mesmo período de 2020.
Na média do ano, o rendimento médio recebido pelas pessoas foi de 2.587 reais, uma retração de 7,0% frente a 2020.
12 milhões de desempregados
No quarto trimestre, o número de pessoas desempregadas no Brasil era de 12,011 milhões, uma queda de 10,7% em relação aos três meses até setembro e de 16,7% sobre o ano anterior.
“Nesse período, costuma haver redução da desocupação devido à maior absorção de trabalhadores em atividades como comércio e alojamento e alimentação. Somado a isso, há um processo de recuperação da ocupação em curso desde agosto do ano passado”, destacou Beringuy.
Já o total de ocupados aumentou 3% na comparação trimestral, a 95,747 milhões, recorde da série histórica, com avanço de 9,8% sobre o quarto trimestre de 2020.
Recorde de ocupação com recorde de queda do rendimento tem a ver com questões que marcaram 2021. Há mais pessoas no mercado, mas tem uma parcela expressiva de informais, e ainda temos um processo inflacionário acentuado em 2021. Os trabalhadores que estão entrando no mercado, informal ou formal, estão ganhando menos
ADRIANA BERINGUY, coordenadora do IBGE.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado cresceram 2,9% em relação ao terceiro trimestre, enquanto os que não tinham carteira aumentaram 6,4%.
Entre as atividades, houve aumento da ocupação no comércio (3,4%, ou 602 mil pessoas), outros serviços (11,8%, ou mais 521 mil pessoas) e informação e comunicação (3,3%, ou mais 367 mil pessoas). A indústria mostrou estabilidade no quarto trimestre.
Na média do ano, o maior crescimento percentual veio da construção, de 13,8%, ou 845 mil pessoas a mais. O comércio, bastante impactado pela pandemia, teve ganho de 5,4% na comparação com 2020, um acréscimo de 881 mil pessoas, mas o contingente de trabalhadores ainda ficou abaixo do de 2019.
A indústria também não conseguiu recuperar as perdas de 2020 –houve aumento de 3,9% ou de 446 mil pessoas trabalhando no setor, mas na comparação com 2019, o número de trabalhadores caiu 3,1%.
O ano de 2021 também apresentou recuperação da ocupação dos setores de serviços, também muito afetados pelas medidas de contenção da pandemia, com destaque para os serviços domésticos, com aumento 6,7% ou 327 mil pessoas.