- O Brasil caiu da sexta posição em 2019 para a 11ª posição no ano passado; já o México passou da 14ª posição para a nona;
- Entre os cinco países latino-americanos que mais captam IED – Brasil, México, Chile, Colômbia e Argentina – todos tiveram redução;
- A América Latina teve uma contração de 45% nos investimentos estrangeiros – o que representa menos US$ 73 bilhões de IED em 2020 para a região.
Pela primeira vez em 14 anos, o México ultrapassou o Brasil na captação de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2020, conforme mostrou o Relatório Mundial de Investimentos divulgado nessa segunda-feira (21) pela Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), da Organização das Nações Unidas (ONU).
O relatório mostra ainda que houve uma redução de 35% no fluxo global de IED no ano passado, um reflexo da pandemia de COVID-19. O desinvestimento na América Latina, no entanto, foi maior do que a média global, com uma queda de 45% – o que representa menos US$ 73 bilhões de IED em 2020 para a região.
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“A região sofreu a queda mais acentuada de IED nos países em desenvolvimento. As economias latino-americanas enfrentaram um colapso na demanda de exportação, queda nos preços das commodities e o desaparecimento do turismo, levando a uma das piores contrações na atividade econômica no mundo inteiro,” disse James Zhan, diretor de investimentos e empresas da UNCTAD.
Entre as economias mundiais que mais atraíram investimentos estrangeiros, o Brasil caiu da sexta posição em 2019 para a 11ª posição no ano passado; já o México passou da 14ª posição para a nona.
Em volume de capital injetado por multinacionais no Brasil, o país recebeu US$ 24,7 bilhões em 2020; em 2019 esse volume foi de US$ 65,4 bilhões, uma queda de 62,1% e o menor volume de capital em duas décadas. Já o México recebeu US$ 29,1 bilhões em 2020 e 34,1 bilhões em 2019, uma contração de 14,7%.
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Já entre os cinco países da América Latina que mais captaram IED, além de Brasil e México, estão o Chile, a Colômbia e a Argentina. Os três também tiveram contração nos fluxos de investimentos estrangeiros no ano passado.


No Brasil, a redução de investimentos estrangeiros atingiu principalmente os setores de transporte e logística (- 90%), serviços financeiros (- 68%), serviços de eletricidade e gás (- 62%) e comércio (- 33%). As multinacionais brasileiras também seguraram os investimentos no exterior em US$ 26 bilhões, segundo a UNCTAD, como estratégia para reforçar os investimentos nas unidades do país.
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De acordo com projeção da agência da ONU, o volume de IED destinado para a América Latina deverá voltar ao patamar pré-pandemia apenas em 2023; nesse ano e no próximo, a previsão é de que os fluxos de IED continuem fracos.
Além de a retomada de novos fluxos de investimento acontecer em ritmo diferente da recuperação econômica, segundo a UNCTAD, pairam ainda sobre a região incertezas políticas, devido às eleições presidenciais no Brasil, Chile e Colômbia, e incertezas quanto ao controle da pandemia.