Economia

Brasil tem 14,4 milhões de desempregados e atinge máxima histórica

Número de desempregados chegou ao maior nível desde o início da série histórica em 2012, com o mercado de trabalho ainda marcado pela informalidade em meio ao recrudescimento da pandemia no país

Desemprego Brasil
Mulher deixa currículo em caixa ao lado de lista de oportunidades de emprego, no centro de São Paulo. Foto: Reuters/Amanda Perobelli
  • O número de pessoas desempregadas no Brasil nos três meses até fevereiro chegou a 14,423 milhões, o maior contingente desde 2012;
  • O mercado de trabalho costuma ser o último a se recuperar em tempos de crise e chegou a mostrar alguma força no final do ano passado, mas retrocedeu com a piora da pandemia de COVID-19;
  • Em março, a criação de vagas formais de trabalho desacelerou e os requerimentos ao seguro-desemprego atingiram o maior patamar em oito meses.

O número de desempregados no Brasil voltou a crescer no trimestre encerrado em fevereiro e chegou ao maior nível desde o início da série histórica em 2012, com o mercado de trabalho ainda marcado pela informalidade em meio ao recrudescimento da pandemia de COVID-19 no país.

A taxa de desemprego foi a 14,4% nos três meses até fevereiro, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 14,1% no trimestre imediatamente anterior.

Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa para a taxa apurada pela Pnad Contínua era de 14,5%, depois de a taxa ter ficado nos três meses até janeiro em 14,2%.

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O mercado de trabalho, que costuma ser o último a se recuperar em tempos de crise chegou a mostrar alguma força no final do ano passado. Mas agora enfrenta uma grave piora da pandemia de COVID-19.

O número de pessoas desempregadas no Brasil nos três meses até fevereiro chegou a 14,423 milhões, o maior contingente desde 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.

O número representa alta de 2,9% sobre o trimestre até novembro e de 16,9% ante o mesmo período de 2020.

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“Ao nos afastarmos do fim do ano, temos um movimento esperado de dispensa de trabalhadores, liberados de empregos sazonais, e também tem o efeito da pandemia”, explicou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

“O primeiro trimestre desenha aumento da desocupação recorde. Fevereiro não teve Carnaval e outros eventos, estamos perdendo a robustez da ocupação que vimos no fim do ano passado”, completou.

Enquanto isso, o total de pessoas ocupadas avançou apenas 0,4% entre dezembro e fevereiro na comparação com o trimestre anterior, e caiu 8,3% sobre o mesmo período do ano passado, chegando a 85,899 milhões de trabalhadores.

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“Não houve, nesse trimestre, uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas, muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa como o comércio, a indústria e alojamentos e alimentação”, disse Beringuy.

Esse avanço no contingente de ocupados continuou se dando por meio da informalidade. Os empregados no setor privado com carteira de trabalho caíram 0,9% sobre o trimestre de setembro a novembro, enquanto os que não tinham carteira assinada cresceram 0,6%.

Já os trabalhadores por conta própria chegaram a 23,653 milhões no trimestre encerrado em fevereiro, o que representa uma alta de 3,1% sobre o período anterior

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“Não sabemos se o mercado vai responder à demanda de vagas em um momento de pandemia e de abre e fecha da economia por conta do isolamento. Temos que esperar para ver se é uma perda de gás natural de começo de ano ou se tem a ver com o agravamento da pandemia“, disse Beringuy.

Entre os dez grupos de atividades pesquisadas, todos apresentaram estabilidade na taxa de ocupação em relação ao trimestre móvel anterior, de setembro a novembro.

Em março, segundo dados do Ministério da Economia, a criação de vagas formais de trabalho desacelerou e os requerimentos ao seguro-desemprego atingiram o maior patamar em oito meses, movimento que coincidiu com o recrudescimento da pandemia da COVID-19 no país.