Economia

Colômbia estende isolamento até o próximo dia 26; 'custo' da medida pode passar de 10% do PIB mensal

Para mitigar impactos, presidente Iván Duque anunciou o início do pagamento da ajuda emergencial e novas linhas de crédito a empresas

presidente da Colômbia Iván Duque
Imagem: Iván Duque Twitter.
Read in english

Com o objetivo de controlar a disseminação do novo coronavírus, o presidente da Colômbia, Ivan Duque, anunciou que as medidas de isolamento social se estenderão até o próximo dia 26 de abril. Embora necessária, a medida impactará setores responsáveis por nada menos que 70% do PIB do país, segundo o Instituto de Ciências Políticas Hernán Echavarría Olózaga, que, em conjunto com empresários, escreveu uma carta a Duque sobre os possíveis impactos da medida, de acordo com o jornal La República.

LEIA TAMBÉM: CEPAL diz que América Latina precisa de mais integração para combater COVID-19

Segundo o Instituto, a paralisação desses setores resultará em uma queda mensal de 10% no PIB do país e agravará a crise econômica já esperada em razão da pandemia, influenciada também pela queda no preço do petróleo e a alta do dólar.

Segundo dados do Instituto Nacional de Instituições Financeiras (ANIF) do país, entre os 12 principais setores da economia colombiana, sete seriam os mais impactados: Construção civil, atividades financeiras, mercado imobiliário, entretenimento, indústria, mineração, e comércio, transporte e turismo.

A última previsão do ANIF é de que a economia da Colômbia crescerá apenas 0,5% em 2020, um baque tanto para o país que, até 2019, era o que mais crescia na América Latina.

Até esta terça-feira (7), início da tarde, o país tinha registrado 1.579 casos confirmados de Covid-19, e 46 mortes decorrentes da doença.

LEIA TAMBÉM: Aéreas da América Latina podem perder US$ 15 bilhões em receita

Crédito para empresas para amenizar impactos do isolamento

Como forma de mitigar os impactos já esperados da pandemia, e a exemplo do que outros países já vêm fazendo, o governo colombiano criou um novo programa de crédito para ajudar as empresas a financiar capital de giro e folha de pagamento. Para isso, o governo reforçou o caixa do Fundo Nacional de Garantias (FNG), num total de COP 12 bilhões (o equivalente a R$ 15,9 milhões).

“O Programa Especial de Garantias ‘Unidos pela Colômbia’ (como vem sendo chamada a iniciativa) é uma ferramenta com a qual as empresas poderão resolver problemas de fluxo de caixa, evitar demissões em massa e manter seus negócios ”, assegurou o Ministro do Comércio, Indústria e Turismo, José Manuel Restrepo, segundo o La República.

No programa Unidos pela Colômbia, metade do custo das comissões que o FNG geralmente cobra pela emissão das garantias e que normalmente são pagas pelos empresários será assumida pelo governo federal do país. De forma geral, é o governo que custeará 60% do valor do crédito. Qualquer empresa colombiana com receita de até COP 51,9 bilhões (quase R$ 70 milhões) poderá participar do programa.

E essa não é única iniciativa de crédito para as empresas neste momento no país. Segundo a Reuters, o Bancolombia, o maior do país, anunciou uma linha de crédito especial de COP 600 bilhões (ou quase R$ 800 milhões) para pequenas e médias empresas e outras partes do setor corporativo.

Ajuda emergencial aos mais pobres

Nesta terça-feira (7), a ajuda emergencial COP 600 mil (R$ 213) começou a ser país. No total, cerca de 3 milhões de famílias devem receber o auxílio do programa batizado de Ingreso Solidario (renda solidária) nos próximos meses.

A identificação da população a ser beneficiada partiu do Sisbén, um banco de dados equivalente ao Cadastro Único brasileiro, e que já conta com o cadastro de 39 milhões de colombianos.

Quem tem conta em banco terá o dinheiro depositado. Quem não tem receberá o auxílio por meio de uma conta digital, que está sendo viabilizada por meio de uma parceria entre operadoras de telecom, fintechs e instituições financeiras: AV Villas (Cuenta Digital), Bancolombia (Nequi e Bancolombia a la Mano), Davivienda (Daviplata) e Movii (Movii).