- Para a empresa, a política de cotas raciais em universidades e institutos federais de ensino, implementada no Brasil em 2012, foi uma revolução silenciosa que gerou avanços importantes;
- Segundo a Cia de Talentos, resolver o problema estrutural da falta de negros no mercado de trabalho requer envolvimento de toda a sociedade: empresas, universidade e setor público.
O número de contratações de jovens negros e negras aumentou 118% no ano passado em relação a 2019 em programas de estágio, trainees e média gestão. É o que afirma o Grupo Cia de Talentos, empresa líder na América Latina em processos de atração, seleção e desenvolvimento de jovens.
Segundo o estudo da Cia de Talentos, em clientes como Basf, Bayer, Bunge, Itaú, Nestlé, Pepsico, PWC, Suzano, Telefônica Vivo, Unilever e Yara os percentuais de contratação superaram 40% do total de contratados. Neste ritmo, até 2025, cargos de liderança dessas organizações serão mais diversos, diz a Cia de Talentos.
“Temos que comemorar, mas com a consciência que ainda estamos muito distantes dessas práticas estarem consolidadas em todo o mercado de trabalho. Ainda há um longo caminho a percorrer para realmente sermos um país inclusivo e nos redimirmos de uma realidade vergonhosa”, diz Sofia Esteves, Fundadora do Grupo Cia de Talentos e a principal influencer no tema Carreira segundo o LinkedIn.
A falta de acesso à educação de qualidade é um obstáculo ao ingresso dos jovens profissionais negros e negras no mercado de trabalho, em especial a falta de oportunidade de concluírem o ensino superior, já que no Brasil as melhores oportunidades e condições de trabalho são para profissionais com terceiro grau completo, diz o estudo.
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Para a empresa, a política de cotas raciais em universidades e institutos federais de ensino, implementada no Brasil em 2012, foi uma revolução silenciosa que gerou avanços importantes, que devem ser continuados e expandidos, diz a Cia de Talentos. “Junto aos esforços de ampliar o acesso a educação de qualidade (em todo o ciclo educacional) é preciso lutar pela
para que jovens negras e negras não apenas entrem no mercado formal de trabalho como também cresçam profissionalmente”.
Segundo a Cia de Talentos, resolver o problema estrutural da falta de negros no mercado de trabalho requer envolvimento de toda a sociedade: empresas, universidade e setor público.
“Um exemplo prático do que significa estar unido em prol de uma causa é a ação afirmativa Pacto pela Inclusão Social de Jovens Negras e Negros no Mercado de Trabalho, idealizado pelo Ministério Público do Trabalho de São Paulo, no qual o Grupo Cia de Talentos faz parte. Por trás deste objetivo tem algo ainda mais relevante para a sociedade, que é ter equidade racial no mercado de trabalho e estimular a maior presença de pessoas negras em cargos de liderança”, diz o Grupo.
Para a empresa, assim como o aumento de pessoas negras nas universidades fez o foco da Cia de Talentos olhar para a entrada deles no mercado de trabalho formal, o crescimento da contratação em 2020 faz a organização pensar no próximo passo.
“Até aqui a luta foi para proporcionar acesso às pessoas negras, para que tivessem a chance de participar de processo seletivo e mostrar seu potencial. Agora temos que intensificar as ações que garantam a permanência e ascensão desse público dentro da organização”, diz a empresa, em um comunicado à imprensa.
“O momento que vivemos de diversidade étnico racial no Brasil hoje, é ímpar. As organizações estão em fase de acesso e inclusão. Para os anos seguintes, devemos nos preocupar com a permanência destes jovens, ter processos dirigidos não é uma tendência, é sim uma reparação histórica. É fundamental o acolhimento da liderança para que a médio prazo tenhamos uma ascensão satisfatória e uma alta liderança mais plural”, afirma Rodrigo Fernandes, Consultor de Diversidade e Responsabilidade
pela Badu Consultoria.
Um estudo realizado pelo Grupo Cia de Talentos com 123.579 mil estudantes e profissionais brasileiros revela que 46% dos universitários e recém formados, 54% dos profissionais de média gestão e 47% da alta liderança citaram que a empresa em que atuam não tem um ambiente inclusivo.
“A permanência dos jovens negros em uma organização só é possível se adentrarem em um espaço inclusivo. Os líderes devem refletir sobre o quão preparada a empresa e suas equipes estão para incluir esse profissional. Que vieses inconscientes ainda estão presentes nos colaboradores? Do outro lado, é necessário fortalecer a estrutura emocional destes jovens. É preciso estimular, apoiar, acolher e proporcionar grupos de conversas sobre valorização de suas histórias de vida, protagonismo e capacidade de
transformação,” comenta Danilca Galdini, Head de pesquisa e Insights do Grupo Cia de Talentos.