Economia

Crise de energia afeta preços de alimentos e inflação, diz Campos Neto

"Acho que taxar o carbono levaria o governo a alocar recursos assumindo que eles sabem as preferências da sociedade, e isso nem sempre é verdadeiro. Precificação é sempre melhor que taxação", disse Campos Neto

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil. Foto: REUTERS/Adriano Machado
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  • Segundo Campos Neto, os choques climáticos podem ter um impacto de longo prazo e afetam a taxa de juros neutra;
  • O presidente do BC também defendeu que os governos evitem regular os mercados de carbono por meio da taxação.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta quarta-feira (2) o impacto da atual crise de energia sobre a inflação no país, frisando que as questões relacionadas às mudanças climáticas têm ligação direta com o mandato dos bancos centrais.

“Olhamos para essas questões (climáticas) e vemos como isso afeta a política monetária. Tivemos todos esses choques, quer dizer, isso está de volta no Brasil porque estamos falando sobre crise de energia no Brasil de novo, porque não está chovendo o suficiente”, disse Campos Neto durante seminário organizado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS na sigla em inglês) .

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“Então isso tem um efeito em inflação, nos preços dos alimentos, tem um efeito em tudo o que fazemos.”

Segundo Campos Neto, os choques climáticos podem ter um impacto de longo prazo e afetam a taxa de juros neutra –“que é algo sobre o qual temos aprendido mais e mais”– e também a estabilidade financeira.

Em sua intervenção, o presidente do BC também defendeu que os governos evitem regular os mercados de carbono por meio da taxação, pontuando que o mais eficiente é estimular a criação de um mercado para vendedores e compradores.

“A precificação do carbono, e ter um mercado mundial coordenado de carbono, seria uma das principais coisas que poderíamos fazer”, afirmou.

“Acho que taxar o carbono levaria o governo a alocar recursos assumindo que eles sabem as preferências da sociedade, e isso nem sempre é verdadeiro. Precificação é sempre melhor que taxação.”