O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,62% em março, maior taxa para o mês desde março de 1994, antes da implantação do Plano Real, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
O maior peso para o índice voltou a ser combustíveis, que tiveram alta de 6,70% – após um recuo de 0,47% no mês anterior – depois de novo reajuste de preços da Petrobras no mês passado em meio à alta do petróleo no mercado internacional por causa do choque de oferta gerado pela guerra na Ucrânia.
No acumulado de 12 meses até março, o IPCA teve alta de 11,30%, contra alta de 10,54% do mês anterior. A leitura está bem acima da meta de inflação para o ano, de 3,5%, que tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Os dados de março vieram acima das expectativa de analistas, que previam alta de 1,30%, acumulando em 12 meses alta de 10,98%.
A prévia do IPCA já havia surpreendido o mercado, com a maior alta em sete anos. O dado fechado do mês traz agora novas pistas sobre a possibilidade de o Banco Central manter estratégia já sinalizada de encerrar seu ciclo de aperto monetário em maio, com uma alta de 1 ponto percentual da Selic, que chegaria assim a 12,75%.
Na quinta-feira, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, afirmou que a calibragem da política monetária dependerá da extensão dos choques e ressaltou que a inflação está descolando muito da meta e se disseminando.
LEIA TAMBÉM: Inflação fala mais alto e Uber, 99 e iFood reajustam valores no Brasil
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em março, liderados por Transportes, com alta de 3,02%. O grupo Alimentação e bebidas teve a segunda maior alta do mês, de 2,42%. O único grupo que apresentou variação negativa nos preços foi Comunicação, com -0,05%.
Inflação por categoria em março em comparação à fevereiro:
- Alimentação e bebidas: 2,42% – 1,28%
- Habitação: 1,15% – 0,54%
- Artigos de residências: 0,57% – 1,76%
- Vestuário: 1,82% – 0,88%
- Transportes: 3,02% – 0,46%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,88% – 0,47%
- Despesas pessoas: 0,59% – 0,64%
- Educação: 0,15% – 5,61%
- Comunicação: -0,05% – 0,29%