Economia

Onda de protestos fez previsões de crescimento caírem na América Latina

Dados do FMI coletados pelo jornal La Republica mostram a influência da insatisfação social no cenário de incerteza política da região

Protestos em Santiago no último dia 29 de outubro.
Protestos em Santiago no dia 29 de outubro de 2019. Foto: Shutterstock
  • Apesar disso, não são exatamente as manifestações as razões decisivas para a redução nas previsões de crescimento, e sim como elas colaboraram para intensificar um problema antigo dos países latino-americanos: o cenário de constante incerteza política.
  • E ainda assim, Colômbia, ao lado de Peru (com previsão de alta no PIB de 3,2%) e, principalmente, Brasil (2,2%), devem liderar o crescimento da região neste ano.

Como se esperava, a onda de protestos que eclodiu em 2019 influenciou as previsões econômicas para a América Latina. Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) analisados pelo jornal La Republica mostram que as manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas de cidades da Colômbia, do Chile e da Bolívia no ano passado colaborou para reduzir as previsões de crescimento econômico para a América Latina e para esses países.

No caso da região como um todo, a previsão foi reduzida em 0.2 ponto percentual, para 1,6%.

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Em relação à Colômbia, o FMI previu um crescimento de 3,5% no PIB este ano. O número é 0,1 ponto percentual menor do que aquele divulgado em outubro de 2019 (3,6%). Embora esse crescimento seja semelhante ao projetado por outras entidades, como a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), ele difere das previsões de outras entidades, como o Banco Mundial e o Banco da República, que projetam um avanço de 3,6% e 3,3%, respectivamente, para a economia colombiana.

Apesar disso, não são exatamente as manifestações as razões decisivas para a redução nas previsões de crescimento, e sim como elas colaboraram para intensificar um problema antigo dos países latino-americanos: o cenário de constante incerteza política.

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“A incerteza sobre as políticas econômicas também aumentou nesses países, à medida que os governos consideram diferentes opções de reformas e políticas econômicas para tornar o crescimento mais inclusivo e atender às demandas sociais”, gerando um efeito sobre os números, disse Alejandro Werner, membro do FMI e analista para a região ao La Republica.

Ainda assim, Colômbia, ao lado de Peru (com previsão de alta no PIB de 3,2%) e, principalmente, Brasil (2,2%), devem liderar o crescimento da região neste ano.

Mas os analistas são também pragmáticos, ao afirmar que previsões são previsões, e que o resultado final dependerá de como os governos equilibrarão a pressão social pela promoção de bem-estar e a necessidade de se abrirem economicamente.