A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) elevou de 4,1% para 5,2% a projeção de crescimento do PIB da América Latina em 2021, após contração de 6,8% em 2020 devido à pandemia. A recuperação econômica, no entanto, não apresentará o mesmo ritmo em todos os países da região. Segundo relatório da instituição, apenas seis países latino-americanos conseguirão atingir o patamar pré-pandemia em 2021, os demais só em 2023.
Entre os que devem voltar aos níveis de antes da pandemia estão o Chile, com expansão prevista de 8% ante uma contração do PIB de -5,8% no ano passado; o Brasil, que deve avançar 4,5% após recuar -4,1% em 2020 e o Paraguai, o país que apresentou menor queda no PIB no ano passado, de -0,6%, e que deve crescer 3,8% nesse ano.
Outros países da América Latina têm crescimento previsto até maior do que Brasil e Chile, mas não o suficiente para recuperar as perdas do ano passado.
É o caso do Peru, que tem crescimento estimado de 9,5% para o PIB desse ano, após uma contração de 11% em 2020. A Argentina e o México também devem avançar mais do que o Brasil, 6,3% e 5,8%, respectivamente, mas ainda não conseguirão voltar aos níveis de antes da pandemia após perdas de -9,9% e -8,3% no ano passado.
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De acordo com a Cepal, as divergências no ritmo da recuperação econômica estão relacionadas, em parte, ao avanço da vacinação e às medidas adotadas por cada governo para conter a pandemia e mitigar o impacto na economia.
Embora o relatório trate apenas de previsões – que podem não se confirmar a depender do comportamento da pandemia -, a Cepal alerta sobre o risco de se intensificar a desigualdade entre os países mais ricos, que estão mais perto de voltar aos níveis econômicos anteriores à pandemia, e os países mais pobres, nos quais a vacinação avança lentamente.
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Para 2022, a Cepal projeta um crescimento médio de 2,9% para a América Latina e Caribe, bem abaixo da projeção de crescimento para a região para 2021, o que, denota o retorno à “dinâmica de baixo crescimento” existente antes de 2020. Segundo o documento, a taxa de crescimento atual não é sustentável e há um risco de retorno a um cenário de baixo investimento e emprego, e maior deterioração ambiental.
“Nada permite antecipar que a dinâmica de baixo crescimento anterior a 2020 possa mudar. Os problemas estruturais que limitavam o crescimento da região antes da pandemia se agravaram e repercutirão negativamente na recuperação da atividade econômica e nos mercados de trabalho além da retomada do crescimento de 2021 e 2022. Em termos de renda per capita, a região continua em uma trajetória que conduz a uma década perdida”, alerta o relatório.