É possível renegociar a dívida da Argentina, mas, para isso, será necessário não só colocar as contas em ordem, mas também fazer uma série de reformas. Esse caminho, bastante similar ao que vem sendo tomado pelo Brasil, é o que poderia levar a Argentina novamente a crescer. Essa é a opinião dos especialistas que participaram da Conferência Anual da Fundación de Investigaciones Económicas Latinoamericanas, a FIEL, na quinta-feira (25), na Bolsa de Valores de Buenos Aires.
As informações são do jornal argentino La Nacion. No evento, Daniel Marx, diretor executivo da Quantum Finance, lembrou que não há consenso sobre o montante exato da dívida argentina. “Ouvimos há pouco tempo que é 30% do produto interno bruto. O Fundo [FMI] diz que é próximo de 100% do produto bruto. Para nós, o cálculo nos dá cerca de 65% do produto bruto. Se nos compararmos com outros países, não estamos na pior das situações. Estamos em um nível acima de vários países da América Latina e abaixo de outros, como o Brasil”, disse ele à publicação
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Seja qual for o real número, é preciso buscar mudanças profundas, segundo esses especialistas, e não atalhos, como a Argentina está acostumada a fazer há tantos anos. “Para reestruturar a dívida, é necessário analisar quem são as autoridades, qual é o plano e se é factível”, salientou Marx.
Como um mantra, Rodolfo Santangelo, presidente da Macroview, listou, quase em coro com outros especialistas, as reformas necessárias ao país–e ela é, de fato, bem parecida com a do Brasil: reformas de pensão e trabalho; recomposição de tarifas e cancelamento de subsídios; reformulação do relacionamento nação-províncias [o que o no Brasil é chamado de revisão do Pacto Federativo] e reforma tributária.