Economia

BC lança PIX e promete cashback e pagamentos programados como novidades à frente

BC promete novidades como cashback e pagamentos programados em breve

Presidente do BC, Roberto Campos Neto, em entrevista em Brasília, em março de 2020. Foto: Reuters/Ueslei Marcelino/Arquivo
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  • As operações de pessoa física para pessoa física são gratuitas desde que feitas por meios eletrônicos;
  • As compras feitas por cidadãos com o PIX tampouco podem ser tarifadas;
  • Em contrapartida, os bancos poderão taxar as transações com PIX feitas entre empresas, tanto na ponta do pagador quanto do recebedor.

O PIX, sistema de pagamentos instantâneos do Brasil, foi lançado oficialmente nesta segunda-feira. O presidente da autoridade, Roberto Campos Neto, disse que espera que o lançamento do novo sistema será só um pontapé inicial de uma verdadeira revolução e que o PIX terá novas funcionalidades em breve, como cashback e pagamentos programados.

O lançamento oficial ocorre após o BC ter aberto o PIX para operações restritas de 3 a 15 de novembro, para que as instituições pudessem fazer ajustes finais para garantir o funcionamento pleno do sistema. Dezenove instituições não realizaram todos os testes requeridos durante esse período e, por isso, vão deixar para ofertar o PIX em “momento futuro”. Com isso, 734 instituições estão disponibilizando o PIX desde esta manhã.

Em coletiva ao meio-dia desta terça, os diretores do BC ressaltaram que a “janela” para a entrada de novas instituições abre novamente em 1º de dezembro.

Até a véspera, haviam sido cadastradas mais de 71 milhões de chaves PIX e realizadas mais de 1 milhão e 900 mil transações entre instituições diferentes, com um montante financeiro que passou de R$ 780 milhões, disse o BC.

Durante este primeiro dia de operação total, o PIX não apresentou qualquer instabilidade. Segundo o BC, qualquer instabilidade que tenha ocorrido no período, foi na parte do processo das próprias instituições.

Durante a apresentação de lançamento do PIX, ainda pela manhã, Ana Carla Abrão, head da Oliver Wyman no Brasil e vice-presidente do Conselho de Administração da B3, apresentou uma projeção sobre o futuro do PIX. A consultoria acredita que até 2030, o novo sistema estará respondendo por 22% das transações feitas no país.

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Como vai funcionar o PIX

O pagamento instantâneo pelo PIX funcionará 24 horas por dia, todos os dias do ano, a um custo operacional significativamente mais baixo que o de modalidades já consolidadas no mercado, como transferências do tipo TED ou DOC e pagamentos por cartões de crédito e débito. Segundo o BC, o custo do PIX é de 1 centavo de real a cada 10 transações.

As operações de pessoa física para pessoa física são gratuitas desde que feitas por meios eletrônicos. As compras feitas por cidadãos com o PIX tampouco podem ser tarifadas. Em contrapartida, os bancos poderão taxar as transações com PIX feitas entre empresas, tanto na ponta do pagador quanto do recebedor.

Essas transações poderão ser feitas com a utilização de chaves, como o número de celular, CPF, CNPJ ou e-mail.

Durante a coletiva, os diretores também ressaltaram que o PIX tem uma série de mecanismos de segurança, entre eles: a transação precisa ser autenticada pela instituição financeira onde o usuário possui conta, por meio de senha ou biometria; as instituições podem congelar uma transação por 30 minutos para examiná-la melhor; a mesma instituição, se encontrar alguma inconsistência ligada a alguma chave, pode avisar as demais instituições participantes sobre o problema.

Eles também lembraram que as instituições podem usar os mesmos limites que já adotam em transações como pagamentos cartão de débito como forma de aumentar a segurança do sistema nesse primeiro momento, em que elas ainda estão aprendendo como seus clientes se comportamento dentro do novo sistema.

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Inovação e inclusão financeira

Campos Neto reforçou que, a despeito da pandemia do coronavírus, o BC não abandonou sua agenda, tendo acelerado alguns processos pela percepção de que a recuperação da crise passará pelo aumento e incentivo em tecnologia.

“A gente tem um processo onde o PIX é mais do que um pagamento: ele vai passar a ser processo de identidade digital, vai melhorar a prestação de serviços públicos porque a gente está digitalizando as pessoas, a gente sabe quem são as pessoas, onde elas estão, que produtos que elas consomem”, afirmou.

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Também presente no evento de lançamento do PIX, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, João Manoel de Pinho de Mello, afirmou que apesar de o órgão ter liderado o processo de criação do PIX, isso ocorreu em colaboração estreita com o mercado. “Essa interlocução com a indústria, com a sociedade civil, é o que nos assegura e nos dá enorme confiança de que o PIX é meio de pagamento cujo desenho é fácil, seguro, conveniente e pra todos”, disse ele, complementando que o BC irá garantir que haja competição.

Na coletiva, Pinho de Mello disse ao LABS que entre as funcionalidades programadas para o primeiro semestre de 201 estão o saque (de dinheiro em espécie no varejo) com PIX, cashback e o pagamento programado, além do pagamento garantido – uma funcionalidade que virá embutida de uma operação de crédito.

Ao LABS, Campos Neto ressaltou que nem todas as funcionalidades dependem do PIX. “Com o passar do tempo, vamos identificar demandas que virão das pessoas”.

O chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro, Angelo Alverne Duarte, também enfatizou que além do que está na agenda do BC, já uma série de possibilidades que dependem da adaptação e integração dos participantes do novo sistema ao PIX. “Esse é o caso, por exemplo, das contas de energia, que ainda dependem de uma resolução da Aneel (a agência reguladora de energia do país)”.