Economia

Primeiro dia sem IVA na Colômbia gera 5 bilhões de pesos em vendas

Mas também causa 88 grandes aglomerações em Bogotá, justamente durante a escalada de casos de COVID-19 no país

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Notas de peso colombiano. Foto: Luisa Leal Photography/ Shutterstock
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  • Estimativas divulgadas neste sábado mostram que cerca de 6 milhões de colombianos foram às compras, gerando R$ 5 bilhões em vendas, mas tudo isso a um alto custo: 88 grandes aglomerações foram registradas somente em Bogotá;
  • Os próximos dias sem IVA serão 6 e 19 de julho.

Consumidores lotaram shoppings e lojas de Bogotá na sexta-feira, o primeiro de três dias sem IVA promovidos pelo governo como forma de reativar a economia. Estimativas divulgadas neste sábado mostram que cerca de 6 milhões de colombianos foram às compras, gerando R$ 5 bilhões em vendas, mas tudo isso a um alto custo: 88 grandes aglomerações foram registradas somente em Bogotá.

A ideia era que, após uma queda de 40% no consumo das famílias somente em abril, a economia colombiana ganhasse um fôlego. Ainda na quarta-feira, o presidente Iván Duque pediu para que a população aproveitasse o dia, mas mantivesse os cuidados de higiene e distanciamento mínimo para evitar a disseminação do novo coronavirus.

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No dia em questão, porém, autoridades e jornais relataram um verdadeiro caos. A prefeita de Bogotá, Claudia López, foi uma das muitas figuras públicas colombianas que denunciou a medida como irresponsável, utilizando o termo “Sexta-Feira Covid” no Twitter.

Ao jornal La República, Jaime Alberto Cabal, presidente da Federação Nacional do Comércio (Fenalco), admitiu que muitas questões de logística e mesmo o comportamento dos cidadãos precisam de ajustes, mas descreveu o dia como positivo “para o comércio e para a reativação da economia e do emprego do país”. Segundo ele, as 88 aglomerações registradas representam uma pequeníssima parte dos 92 mil estabelecimentos (50 mil em Bogotá) habilitados pelo Ministério do Comércio para participar do dia de promoções.

O problema, segundo autoridades sanitárias, no entanto, é que essas aglomerações aconteceram em um momento de escalada dos casos de COVID-19 no país.

O último relatório do Ministério da Saúde e Proteção Social da Colômbia, trouxe 3.059 novos casos e 95 novas mortes por COVID-19. O país tem hoje 63.279 casos confirmados, e 2.045 mortes pela doença.

Outros dados sobre o primeiro dia sem IVA na Colômbia

Ao todo, sete categorias de produtos tiveram isenção da alíquota de até 19% do IVA: roupas, acessórios de vestuário, eletrodomésticos, equipamentos esportivos, brinquedos e jogos, material escolar e suprimentos para o setor agrícola. O aumento nas vendas variaram entre 35% e 70% para essas categorias, segundo a Fenalco.

Além disso, 6 milhões de transações eletrônicas foram realizadas, segundo informações estimadas pelo Credibanco, 58% a mais que no dia anterior.

“Em certos momentos do dia, as plataformas de comércio eletrônico entraram em colapso devido ao excesso de demanda e tráfego. Moviam-se 10 vezes mais do que um dia normal: 100.000 pessoas por hora, em média”, relatou a Fenalco.

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Para os próximos dois dias sem IVA (3 de julho e 19 de julho), como forma de reduzir os riscos de novas aglomerações, a Fenalco sugere que a venda eletrodomésticos e produtos de tecnologia em geral seja feita exclusivamente por meio de comércio eletrônico.

A entidade também sugeriu que as autoridades reforcem a fiscalização das atividades nas primeiras horas da manhã, como forma de orientar empresários e consumidores sobre os cuidados necessários para a prevenção da COVID-19, e um período de 4 horas para o atendimento de consumidores com mais de 60 anos.

O Mercado Livre, disse ter tido um aumento de 583% no tráfego de visitas à plataforma, e uma alta de 1000% nas vendas.