- Desde o início de 2020, o dólar já subiu mais de 15% em relação ao real;
- O CDS de cinco anos do Brasil subiu na quinta-feira 14,4%, para 129 pontos, maior alta diária em quase três anos.
A forte desvalorização do real nos últimos dias já começa a pressionar a inflação, com as empresas que dependem de insumos importados já falando em reajuste de preços. Se o dólar permanecer em patamar elevado por muito tempo, companhias cujo dólar influencia nos custos operacionais deverão repassar aumentos aos consumidores, segundo reportagem do O Estado de S. Paulo.
O mercado global vive momentos de tensão por causa dos impactos do surto de coronavírus em diversos setores, como consumo e turismo, com companhias aéreas registrando perdas bilionárias nas bolsas de valores e grandes eventos sendo cancelados.
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Mesmo neste cenário, a moeda brasileira se destaca pela forte desvalorização. Desde o início de 2020, o dólar já subiu mais de 16% em relação ao real. O peso mexicano e o peso colombiano, por sua vez, perderam entre 5% e 8% do valor no mesmo período.
Problemas internos
A diferença tão acentuada em relação aos mercados emergentes vizinhos sugere que problemas internos, além do coronavírus, têm pressionado o câmbio. Na última semana, foi divulgado que o PIB do Brasil cresceu apenas 1,1% em 2019, frustrando expectativas que já haviam sido ajustadas para baixo.
O economista sênior da XP Investimentos, Marcos Ross, acrescenta, em entrevista ao Estado de S. Paulo, que as reformas necessárias para garantir um crescimento mais robusto ao país estão paradas, com governo tensionando as relações com o Congresso. “Está tudo parado. E o reflexo disso é no desempenho da economia.”
Houve também forte alta no risco-país do Brasil medido pelo CDS (Credit Default Swap), um tipo de contrato que funciona como termômetro da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente às emergentes. O CDS de cinco anos do Brasil subiu na quinta-feira 14,4%, para 129 pontos, maior alta diária em quase três anos.