Economia

Vendas do varejo voltam a crescer em fevereiro, mas COVID-19 não dá trégua

Novas medidas de restrição de circulação afetaram o setor, normalmente beneficiado neste período pelos gastos com o retorno às aulas

Consumidores fazem compras em rua comercial do Rio de Janeiro.
Consumidores fazem compras em rua comercial do Rio de Janeiro. 16/09/2020. Foto: REUTERS/Ricardo Moraes/ Arquivo
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  • Em fevereiro, quatro das oito atividades pesquisadas tiveram alta, com o maior crescimento sendo registrado por livros, jornais, revistas e papelaria, de 15,4%;
  • Entretanto, essa atividade teve queda de 41% na comparação com fevereiro de 2020, segundo o IBGE, pelo fato de muitas escolas públicas ainda não terem iniciado o novo ano letivo e porque muitas escolas não retomaram as aulas presenciais.

Após dois meses de perdas, as vendas no varejo do Brasil voltaram a aumentar em fevereiro, impulsionadas pelo retorno às aulas. A pandemia de COVID-19, no entanto, não dá trégua e novas medidas de restrição de circulação impostas para conter as infecções devem afetar as vendas de março e abril.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor apresentou em fevereiro alta de 0,6% nas vendas em relação ao mês anterior, depois de acumular perdas de 6,3% em dezembro e janeiro, meses em que não houve o auxílio emergencial fornecido pelo governo. Em relação a fevereiro de 2020, houve queda de 3,8%.

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O setor varejista do Brasil enfrenta agora o endurecimento das medidas de combate ao coronavírus no momento em que o país se torna o epicentro mundial da pandemia. O desemprego ainda elevado e a inflação alta somam-se aos obstáculos diante do comércio nacional.

“Olhando para os próximos meses, as novas restrições de mobilidade pelo país, a aceleração da inflação, o desemprego em expansão e o pagamento do auxílio emergencial em menor magnitude do que em 2020 são fatores que devem contribuir para a perda de tração do comércio brasileiro no curto prazo”, avaliou a equipe econômica do banco Original em nota. “Para 2021, no entanto, ainda esperamos um crescimento do setor, sustentado pela recuperação gradual da pandemia e pela reversão da poupança precaucional feita pelas famílias mais ricas no ano passado em consumo”, completou.

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Em fevereiro, quatro das oito atividades pesquisadas tiveram alta, com o maior crescimento sendo registrado por livros, jornais, revistas e papelaria, de 15,4%. “Janeiro é um mês de contas extraordinárias, como IPTU e IPVA, então é comum um consumo menor no comércio. Já em fevereiro, temos a volta do orçamento mensal das famílias a uma maior normalidade e o retorno dos alunos às escolas, aquecendo as compras de material escolar”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Entretanto, essa atividade teve queda de 41% na comparação com fevereiro de 2020, segundo o IBGE, pelo fato de muitas escolas públicas ainda não terem iniciado o novo ano letivo e porque muitas escolas não retomaram as aulas presenciais.

Também apresentaram aumento das vendas em fevereiro e janeiro as atividades de móveis e eletrodomésticos (9,3%), tecidos, vestuário e calçados (7,8%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%).

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As perdas aconteceram em outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,5%), combustíveis e lubrificantes (-0,4%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-0,4%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,2%).

No chamado comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, as vendas tiveram aumento em fevereiro de 4,1%, impulsionadas pela alta de 8,8% de veículos, motos, partes e peças.