O Conglomerado Alfa, que reúne empresas atuantes em diferentes segmentos financeiros e de seguros, acabou de anunciar o primeiro acordo de investimento em uma startup. Por meio de seu hub de inovação, Alfa Collab, o grupo investirá até R$ 600 milhões ao longo de três anos na startup E-ctare, que desenvolve soluções de crédito voltadas para o agronegócio. Com a injeção de recursos, o Alfa Collab passará a operar a estruturação da carteira digital da E-ctare.
“O aporte realizado pelo Alfa é destinado para melhorias na plataforma, aprimoramento tecnológico e fortalecimento da operação. Fruto desta parceria, o Alfa passa a ser o provedor de funding para expandir a oferta de crédito da E-ctare. São ‘dois dinheiros’. Um para a operação da startup e outro para expandir a oferta de crédito do negócio”, explicou Francisco Perez, diretor de Novos Negócios, responsável pelo Hub de Inovação Alfa Collab e pela Área de ESG do Alfa.
A E-ctare é a primeira empresa participante do programa Alfa Collab a receber um investimento do hub de inovação, que já conta com 16 empresas. O programa foi lançado há menos de um ano, em novembro passado, com o objetivo de realizar negócios com startups de segmentos variados, alinhados aos mercados de atuação do Conglomerado Alfa. Além da E-ctare, participam do programa também as empresas: 88i Seguradora Digital, Bot Nicks, CashU, Fiduc, Finpec, Go Bots, InstaCasa, LooqBox, Marvin, Prestho, Predify, Size, SMU, Vuxx e Zink.
LEIA TAMBÉM: Agtech BovControl agarra o touro da mudança climática pelos chifres
Fundada em 2017, a E-ctare é dona de uma plataforma de soluções de crédito para produtores rurais. O carro-chefe da agrofintech é a carteira digital chamada E-ctare Pay, que pode ser acessada por aplicativo e oferece serviços como antecipação de recebíveis, cotações, transferências via TED, ou pagamentos de boletos via QR Code. Ainda em 2021, a startup deve incluir o serviço de PIX e, no próximo, lançar um cartão de crédito para os produtores.
Com a E-ctare Pay, o produtor também consegue antecipar a safra antes da venda. Por meio de uma rede de armazéns credenciados ao E-ctare, o produtor pode optar por levar a safra até um dos armazéns e antecipar até 70% do valor total de sua safra. Com esse adiantamento, explica a startup, ele consegue dar seguimento ao operacional, como compra de insumos, pagamento de fornecedores, entre outros.
LEIA TAMBÉM: Fazenda vertical: Pink Farms eleva o cultivo a novos patamares
De acordo com Marcell Salgado, CEO e fundador da E-ctare, desde o início de suas operações a startup já transacionou cerca de R$ 200 milhões, considerando empréstimos e outros serviços. Com o capital injetado pelo Alfa Collab, a expectativa é de que esse valor supere os R$ 5 bilhões nos próximos três anos.
Atualmente, a agrofintech foca sua operação nas culturas de café e leite, para as quais oferece ainda serviços de gerenciamento de produção, de estoque e de venda dos produtos. A startup possibilita que o produtor encaminhe o lote até um dos armazéns credenciados e comercialize a safra através da plataforma, podendo optar por venda a prazo ou imediata. Pela plataforma, o produtor também pode fazer a oferta da produção ou receber ofertas de compradores.
LEIA TAMBÉM: Agronegócio é terreno fértil para startups na América Latina
“A nossa cultura traz informações e soluções inteligentes para beneficiar o homem no campo, principalmente no setor da cafeicultura e leiteiro. Assim, o nosso objetivo é incentivar o crescimento dessa cadeia com mais possibilidades e ofertas de serviços tecnológicos que facilitem os afazeres diários dos nossos clientes”, disse Salgado.
A estratégia de expansão da startup prevê também a entrada em outros segmentos, como o setor de grãos.