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Alice entra no segmento de empresas com proposta de "teto de reajuste"

Startup tem como alvo empresas com até 250 funcionários. A entrada da healthtech no segmento B2B já era esperada desde a aquisição da Cuidas

Foto: Reprodução.
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A healthtech Alice anunciou nesta terça-feira (7) a sua entrada no segmento de empresas, um movimento que já era esperado desde a aquisição da startup de saúde primária Cuidas, em novembro do ano passado. Com quase 10 mil usuários individuais na carteira, a Alice lança a operação B2B com duas características que buscam diferenciá-la dos concorrentes (tradicionais ou não): um teto de reajuste (para empresas com mais de 30 funcionários) e uma metodologia própria de monitoramento da evolução saúde dos colaboradores, e que funciona pelo app, chamada de Score Magenta.

“Temos um mercado potencial de mais de 165 mil empresas apenas na capital paulista, nosso foco neste primeiro momento, e estamos muito orgulhosos de oferecer uma solução inovadora, que vai trazer maior estabilização de custos e uma melhor experiência para os RHs”, disse André Florence, co-fundador e CEO da Alice, em press release.

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O reajuste dos planos de saúde no Brasil tem, historicamente, ultrapassado (e muito) a inflação oficial, medida pelo IPCA. O índice de reajuste é calculado não só considerando as atualizações bianuais do rol de coberturas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) — e contra o qual as operadoras estão lutando no STJ —, mas também também a sinistralidade (relação entre o número de procedimentos acessados pelos beneficiários e o valor pago pela empresa ao plano de saúde) e a variação do custo médico-hospitalar (VCMH). Diferentemente do que acontece com os planos individuais ou familiares — e que já viraram raridade no sistema —, os planos empresariais não têm o reajuste limitado pela ANS. Isso também explica a ocorrência de aumentos abusivos, com empresas relatando valores que chegam a 70%.

Confiando na metodologia que criou, que reúne dados de cada beneficiário, trazendo mais previsibilidade de custos, e na capacidade de promover e antecipar cuidados, a Alice vai calcular esse reajuste por agrupamento de contratos, o que, segundo a empresa, acaba diluindo dos clientes que passam por um evento agudo de saúde.

O teto da Alice será fixado em até duas vezes o valor do IPCA anual. Com base no histórico de aumentos dos seus custos e do setor, a startup acredita que, na maioria das vezes, o valor será ainda menor que o limite imposto.

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“Os reajustes das operadoras costumam ser muito maiores que suas evoluções de preço, seja por conta das sobretaxas ou por ofertarem planos com valores baixos, que depois precisam ser compensados. A consequência é uma incerteza grande para as empresas – que ficam vulneráveis a reajustes que chegam a ser cinco vezes maiores que o IPCA – e uma baixa fidelização das operadoras”, explicou Matheus Moraes, co-fundador e chief business officer da gestora.

Em 2021, quando operava o plano para empresas em versão Beta, a Alice registrou um dos menores reajustes do mercado: em torno de 10,5% – valor correspondente ao IPCA do período – o que, segundo a empresa, representa quase metade do aplicado pelas grandes operadoras.

A startup lança o serviço oficialmente já contando com cerca de 60 clientes corporativos em sua base e com uma lista de interessados de mais de 3 mil empresas.

Lançada em junho de 2020, a Alice foi fundada por André Florence, Guilherme Azevedo e Matheus Moraes e já captou US$ 174,8 milhões dos fundos Allen & Company LLC, Canary, Endeavor Catalyst, Globo Ventures, G Squared, Kaszek, Maya Capital, StepStone Group, SoftBank Latin America Fund, ThornTree Capital Partners.