- Os fundos GFC e ONEVC também participaram da rodada Seed;
- A fintech permite que lojistas acessem crédito para comprar dos fornecedores sem taxas.
Em junho, quando o Banco Central alterou as regras para a operacionalização do registro e para a negociação de recebíveis de cartão, uma nova porta foi aberta para o negócio que Pedro Oliveira e Luis Eduardo Cascão vinham montando desde dezembro de 2020. A fintech TruePay, que permite que lojistas consigam crédito usando recebíveis de cartão como forma de pagamento, ganhou o endosso da Kaszek e Monashees com um aporte de US$ 8,5 milhões (R$ 45 milhões).
Os fundos GFC e ONEVC também participaram da rodada Seed. O dinheiro será aplicado em tecnologia para desenvolver a plataforma digital da startup, por onde lojistas poderão acessar crédito para comprar dos fornecedores sem taxas. Já para os fornecedores que garantem o crédito, a TruePay cobra uma taxa não divulgada.
No Brasil, onde compras a prazo são tradicionais no varejo, o pequeno vendedor acaba levando mais tempo para receber o que vendeu, “os recebíveis” de compras parceladas no cartão de crédito. Se por um lado o varejista demora para receber, ele tem pouco tempo para pagar as contas aos fornecedores, o que gerava um problema de capital de giro.
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Agora, pela nova regra do Banco Central, todas as operações realizadas com cartão são registradas em uma central unificada, que atesta a existência dos recebíveis, permitindo que o credor utilize esses pagamentos futuros como garantia para obtenção de crédito mais barato. Antes, o varejista que precisava de capital de giro tinha de concordar com as taxas mais elevadas de bancos ou de adquirentes para antecipar recebíveis.
Inspirados no impacto das bandeiras Visa e Mastercard que permitiram que o consumidor final comprasse parcelado e que o vendedor vendesse parcelado sem tomar risco, a TruePay quer balançar o mercado novamente com a antecipação de recebíveis de cartão, e está contratando para somar ao time de 30 funcionários espalhados pelo Brasil.
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Oliveira e Cascão têm experiência com fundos de venture capital como a DNA Capital e a Kaszek e resolveram se unir para “destravar as relações comerciais no Brasil”, conforme Cascão contou ao LABS.
“Criamos uma empresa onde o lojista consegue acessar crédito gratuito e o fornecedor consegue vender mais, sem qualquer tipo de risco de inadimplência. A regulação do Banco Central é só um meio, o nosso produto dá ao lojista uma possibilidade de liberar capital de giro acessando crédito grátis com o fornecedor dele, com mais prazo e mais limite do que ele está acostumado”.