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Para consumidores de luxo, engajamento social será critério de desempate entre marcas

De acordo com um levantamento da Hibou, 46% dos consumidores de classe alta no Brasil não tiveram redução de renda na quarentena

Foto: Shutterstock
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  • A pesquisa analisou as tendências do consumidor para o pós-pandemia entre os grandes consumidores de moda e acessórios de alto padrão;
  • A responsabilidade social será um critério de desempate entre as marcas preferidas dos compradores mais ricos do Brasil.

Os consumidores de artigos de luxo no Brasil valorizarão ainda mais o engajamento social das marcas após a pandemia de COVID-19. Essas questões serão mais fortes e influenciarão as escolhas das marcas, mostra um levantamento da Hibou, uma empresa de pesquisa e monitoramento de mercado no Brasil.

O levantamento analisou tendências pós-pandemia a partir de entrevistas online com 500 consumidores brasileiros de maior renda, a maioria mulheres (78%), durante o mês de maio deste ano.

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Para 91% desses consumidores, ser transparente sobre os procedimentos de higiene e cuidados com a saúde dos funcionários será um fator decisivo para que uma marca seja escolhida ou não. E mais da metade deles (64%) pretende escolher a marca que mais colaborou socialmente ou colabora durante o período de crise, gerando empregos e ajudando as pessoas do grupos de risco da COVID-19.

Segundo o relatório, a quarentena também fez com que os consumidores de luxo repensassem o que é essencial, e passassem a valorizar a casa como espaço prioritário. “Esses consumidores descobriram muitas coisas que não usavam, que estavam no armário, na garagem ou em algum outro lugar da casa. E suas casas se tornarão o lugar onde eles se sentirão seguros. Quando olhamos para o segundo semestre, o lar permanecerá como um local onde a zona de conforto é garantida, pois é o próprio consumidor quem cuida da limpeza, segurança e todos os detalhes do local”, explica Ligia Mello, coordenadora do levantamento na Hibou, ao LABS.

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Com isso, a decoração de ambientes como sala de estar (68%) e cozinhas (61%) entrou na lista de prioridades de consumo dessas classes mais altas. O levantamento também mostra que 53% dos compradores da classe alta ficaram mais preocupados com o próprio bem-estar. Roupas, por exemplo, precisam ser confortáveis, afinal o plano é ficar em casa.

Ainda de acordo com o levantamento da Hibou, 46% do público consumidor de luxo não sentiu impacto na renda nesse período, contra 34% que diz ter tido alguma redução.

Comércio de bairro passa longe desse público

Esse público prefere comprar marcas famosas do que pequenas lojas, portanto, quase metade (49%) afirmou não se identificar com os serviços e as empresas do bairro onde mora e 20% não tentou nenhuma nova relação de consumo nesse sentido.

Mais da metade dos consumidores brasileiros da classe A (64%) já usa e-commerce para compras, mas 58% gostam de ir ao shopping para comprar suas marcas favoritas, e 27% querem manter o velho hábito de fazer compras em lojas físicas, mas, para isso, precisam se sentir seguros.

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Por isso mudar os eventos planejados para ambientes como casas de amigos ou locais ao ar livre, que têm um fluxo menor de pessoas, tende a ser a escolha inicial: 71% das pessoas que planejam uma comemoração “externa” no segundo semestre já consideram fazer isso por um grupo um pouco menor em casa, diz o estudo. “Os eventos, que são muito fortes para esse público, tendem a acontecer muito em lugares menores, restritos”, diz Mello.

Por isso eventos na casa das pessoas de alto padrão tendem a crescer muito no segundo semestre. Ao invés de você comemorar seu aniversário em um restaurante super-legal, você convida o restaurante e ele vai fazer essa festa na sua casa. Você vai diminuir um pouco a questão de convidados talvez, mas você garante que você tem todo o cuidado, todo o controle do que está acontecendo.

lígia mello, coordenadora do levantamento na hibou.