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B3 testa plataforma online para facilitar captação de recursos para startups brasileiras

Parceria entre a bolsa de valores brasileira, o fundo de venture capital Redpoint eventures e a fintech britânica Globacap promete acelerar investimentos em startups brasileiras em estágio inicial

B3 Bolsa de Valores Brasil
Foto: Shutterstock
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  • Plataforma online ajuda startups e PMEs a levantar, gerenciar e vender ações de forma mais rápida e concentrada em uma única interface;
  • A Globacap tem £ 1 bilhão sob gestão de mais de 8.000 investidores que aportaram dinheiro em mais de 60 empresas globais;
  • No Brasil, a startup Ribon arrecadou US$ 100 mil na fase piloto da parceria.
  • A B3 agora estuda disponibilizar a plataforma para todo o país como forma de se aproximar do ecossistema de startups brasileiras.

A bolsa de valores brasileira B3 fez uma parceria com o fundo de venture capital Redpoint eventures e a fintech Globacap para testar uma plataforma online que ajuda startups e Pequenas e Médias Empresas a levantar, gerenciar e vender ações de forma mais rápida e concentrada em uma única plataforma. Na fase piloto, a startup brasileira Ribon, uma socialtech de doações recentemente premiada pela Fundação Bill e Melinda Gates na categoria inovação, levantou US$ 100 mil em um processo de fundraising via Globacap. 

A parceria é uma aposta da B3 no fortalecimento do ecossistema empreendedor brasileiro e, acima de tudo, em um bom relacionamento com esse ecossistema. “É mais uma iniciativa da B3 para estar mais próxima das startups brasileiras. Nós já investimos no fundo de venture capital da Redpoint, temos grupo de aceleração de empresas e temos tentado trazer as startups para serem nossas fornecedoras, da mesma forma que tentamos ser fornecedores de soluções para elas. E obviamente queremos que elas façam os processos de captação, especialmente os IPOs, na B3”, explica Tarcísio Morelli, diretor-gerente da B3’s Tariff and Market Intelligence.

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A Globacap é uma fintech do Reino Unido regulamentada pela Financial Conduct Authority (FCA/UK) que utiliza tecnologia blockchain para captação de recursos, gestão de ações, posições acionárias e stock options para funcionários, entre outros. A Globacap tem hoje cerca de £ 1 bilhão sob gestão de mais de 8.000 investidores que aportaram dinheiro em mais de 60 empresas globais por meio da plataforma. 

Na interface da Globacap, as startups cadastram a documentação necessária para a captação de recursos – apresentação da empresa, relatórios financeiros, minutas de contratos, entre outros – e conduzem todo o processo em uma única plataforma. Um diferencial é que as startups direcionam a negociação enviando uma espécie de convite para investidores potenciais visualizarem a apresentação da empresa. A plataforma da Globacap contempla investidores de 55 países. 

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“Isso facilita o processo na medida em que todos os potenciais investidores acessam o mesmo conjunto de documentos. E, se eles quiserem investir, todo o processo de liquidação financeira, de cotas, dos títulos que lastreiam esse investimento, é automatizado. A propriedade do ativo está escriturada dentro de um blockchain que é gerido pela Globacap, então a qualquer momento o investidor pode consultar a posição do seu investimento. Todo o processo é facilitado e automatizado dentro da plataforma”, explica Morelli

Rafael Rodeiro, fundador e CEO da Ribon, primeira startup brasileira a arrecadar fundos utilizando a Globacap no Brasil, aprovou a experiência. “Acreditamos que trazer a Ribon para o blockchain ajudará a plataforma a escalar mais rapidamente num futuro próximo. Nesse momento de digitalização acelerada que vivemos e trabalhamos, o processo de levantar capital ficou estagnado na década de 1980”, explica.

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Para validar a ferramenta de arrecadação de fundos, a Ribon testou a plataforma emitindo uma nota promissória conversível e investidores de vários lugares do mundo puderam participar com investimentos de pelo menos US$ 10 mil. Concluído o projeto piloto, a B3 agora estuda a oferta da solução no país. 

Ecossistema de startups da América Latina em alta

O ecossistema latino-americano de startups experimenta um bom momento. No ano passado, foram injetados mais de US$ 4 bilhões de fundos de venture capital, sendo que mais da metade desse valor, US$ 2,3 bilhões, foi investido em startups brasileiras. O segundo país que mais atraiu investimentos de risco foi o México, que recebeu US$ 831 milhões.