- Segundo dados do BC, a antecipação de recebíveis movimenta cerca de R$ 50 bilhões por mês;
- Esse mercado, no entanto, é bastante fragmentado, sendo explorado por bancos, fundos de recebíveis, empresas de factoring, entre outros;
- O negócio ilustra a rápida movimentação de instituições financeiras emergentes no Brasil em direção às PMEs;
- A Weel oferece capital de giro para empresas com receita média anual de cerca de R$ 10 milhões e atualmente faz cerca de R$ 80 milhões por mês em antecipações.
O banco digital BS2, ex-Banco Bonsucesso, anunciou a compra da Weel, fintech de crédito para empresas, com planos de se tornar a maior do Brasil em antecipação de recebíveis para pequenas e médias empresas (PMEs) nos próximos dois anos. O valor do negócio não foi divulgado.
A transação foi feita por meio de troca de ações, com os acionistas da Weel ficando com uma fatia do BS2, banco médio fundado pela família Pentagna Guimarães especializado em varejo e PMEs, segmento para o qual tem uma carteira de quase R$ 8 bilhões, quase toda de recebíveis de PMES da indústria e do comércio.
Criada em 2015 em Israel, a Weel oferece capital de giro para empresas com receita média anual de cerca de R$ 10 milhões, usando algoritmos para definir os perfis dos que pedem antecipação de recursos e dos que pagam. Atualmente, faz cerca de R$ 80 milhões por mês em antecipações. No final do ano passado a empresa atingiu R$ 1 bilhão em financiamentos já realizados, movimento acelerado durante a recessão provocada pela crise com a pandemia da COVID-19.
O negócio ilustra a rápida movimentação de instituições financeiras emergentes no Brasil em direção às PMEs, segmento que frequentemente reclama de ser mal atendido pelos grandes bancos do país. Essa tendência vem ganhando força com o advento do “open banking”, sistema unificado no qual os clientes decidem com quais bancos compartilham dados e fazem cada transação.
LEIA TAMBÉM: “Corrida regulatória”: fintechs brasileiras percorrem caminhos diferentes para crescer
“Nós precisávamos de uma plataforma que operasse com uma pegada digital e com um modelo matemático”, disse o presidente do BS2, Marcos Magalhães.
Inteligência artificial e “big data” para entender melhor o mercado bancário
A aposta de novos entrantes no mercado bancário brasileiro é de que suas estruturas baseadas em inteligência artificial e “big data”, como no caso da Weel, permitem entender melhor e de forma preditiva as necessidades individuais de cada empresa, dando-lhes grande vantagem em relação ao mercado bancário tradicional, que tem uma abordagem mais genérica.
LEIA TAMBÉM: Gigantes varejistas da América Latina lideram corrida para virar super app
“As iniciativas no mercado bancário no Brasil se concentram em ter solução para necessidade específica”, disse o presidente e cofundador da Weel, Simcha Neumark. Segundo ele, ter o cliente como foco de um negócio é uma coisa que ninguém ainda consegue fazer bem no país.
O anúncio ocorre em meio à entrada em vigor da chamada duplicata digital, sistema regulamentado pelo Banco Central no ano passado no qual os recebíveis são registrados num ambiente unificado, permitindo que o credor os use para obter crédito.
Segundo dados do BC, a antecipação de recebíveis movimenta cerca de R$ 50 bilhões por mês. Esse mercado, no entanto, é bastante fragmentado, sendo explorado por bancos, fundos de recebíveis, empresas de factoring, entre outros. Por isso, não há dados oficiais sobre quais as maiores instituições no setor.
Com o sistema digital unificado, plataformas de base tecnológica avaliam que sairão na frente por se verem melhor preparadas para atender necessidades individuais das empresas, e lhes ofertando uma variedade de produtos, incluindo câmbio e seguros. Mas esse mercado também tem atraído interesse de instituições cuja gênese não é necessariamente bancária.
LEIA TAMBÉM: Mercado Livre capta R$1,07 bi com fundo de recebíveis para capital de giro
Além das próprias adquirentes de cartões, como Cielo, StoneCo, PagSeguro e Getnet, que têm gradualmente oferecido mais produtos de crédito para gestão, as PMEs têm sido alvos crescentes de grupos como Mercado Pago, braço de pagamentos do Mercado Livre, e a carteira digital PicPay.