- O PicPay, carteira digital do Banco Original, mais do que dobrou sua base de clientes em 2020 até agosto, chegando a 31 milhões de pessoas;
- O crescimento foi impulsionado em parte pelo fato de ter sido usado para ajudar a distribuir ajuda emergencial do governo federal durante a pandemia.
O Banco Original, está acelerando a oferta de crédito a pessoas físicas para com isso chegar à lucratividade em 2021, à medida que elevados investimentos em seu braço digital ganham tração, disse o presidente-executivo, Alexandre Abreu.
A carteira de crédito para consumo da instituição chegou em agosto a R$ 1 bilhão, alta de 73% em 12 meses, com impulso das linhas de CDC e cartão de crédito. Isso compensou em parte a retração nos empréstimos para grandes empresas, o que fez o estoque total encolher de R$ 7,2 bilhões para R$ 7 bilhões em 2020.
O aumento mais recente dos financiamentos para o varejo no Original aconteceu enquanto as medidas de isolamento social tomadas para conter a pandemia da COVID-19 deram uma guinada na demanda por serviços de bancos digitais e fintechs.
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O PicPay, carteira digital do Banco Original, mais do que dobrou sua base de clientes em 2020 até agosto, chegando a 31 milhões de pessoas, impulsionado em parte pelo fato de ter sido usado para ajudar a distribuir ajuda emergencial do governo federal durante a pandemia.
“Estamos começando a oferecer crédito para clientes do PicPay”, disse Abreu em entrevista à Reuters.
Essa escalada recente do crédito ajudou o Original a crescer em 40% a margem financeira do primeiro semestre, ante mesma etapa de 2019, para R$ 345 milhões. A previsão do banco é de que esse montante chegue a R$ 398 milhões no segundo semestre.
O plano é ampliar a variedade de linhas em 2021, entrando com mais força no crédito consignado e empréstimo com garantia, como parte do plano de voltar à lucratividade.
“O Original deve se tornar autossuficiente em 2021”, disse Abreu, ex-presidente do Banco do Brasil, que assumiu o comando do Banco Original há cerca de dois anos para ajudar a deslanchar o negócio de varejo digital do banco controlado pela J&F, holding dona da JBS, junto com veteranos ex-BB.
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Banco Original não trilha o mesmo caminho que outros bancos digitais
Diferente de boa parte dos chamados bancos digitais, que se multiplicaram no Brasil nos últimos anos apoiados em isenção de taxas como chamariz para arrebanhar clientes, o Original rejeita a política de gratuidade de tarifas.
Por isso, o banco tem crescido numa velocidade menor do que alguns de seus rivais. Em agosto, atingiu 3,74 milhões de contas pessoa física e microempreendedores, alta de 71% em 12 meses.
Iniciativas em tecnologia devem florescer dentro de uma agenda regulatória favorável, incluindo PIX e open banking. O banco contratou 360 pessoas neste ano só para a área de tecnologia.
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No primeiro semestre, porém ainda que tenha observado evolução de resultados operacionais refletindo iniciativas para rentabilizar a base de clientes, uma série de fatores incluindo perdas com hedge cambial, depreciação de ativos e investimentos em tecnologia, levaram o banco a um prejuízo de R$ 220 milhões, ante lucro de R$ 3,6 milhões um ano antes.
Além disso, a provisão para perdas esperadas com calotes subiu 23,5% desde o final de 2019, para 334,7 milhões de reais, acompanhando o aumento do crédito e a expectativa de piora no índice de inadimplência, na esteira da crise provocada pela pandemia, “mas com receita maior para compensar”, disse Abreu.