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Bancos tradicionais e fintechs trocam farpas nas redes sociais

Febraban e Zetta, entidades representativas dos grandes bancos e fintechs, respectivamente, questionam vantagens regulatórias e juros praticados

Bancos tradicionais e fintechs trocam farpas nas redes sociais
Foto: Mercado Pago/Twitter
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Há alguns dias, a aparente paz que reinava entre os bancos tradicionais e as fintechs no Brasil foi posta à prova e o bate-boca continua desde então. Tudo começou com uma campanha de marketing do Mercado Pago, o braço financeiro do Mercado Livre, que posicionou uma pessoa fantasiada de dinossauro na frente de algumas agências bancárias na última semana. A brincadeira pegou mal e a Febraban, a federação que representa os maiores bancos do país, reagiu. 

Em um post no LinkedIn no último domingo (19), a Febraban atacou a Zetta, a associação que representa as fintechs, afirmando que as grandes fintechs se beneficiam de vantagens tributárias, regulatórias e trabalhistas, enquanto “os bancos geram mais de meio milhão de empregos em todo o país e têm mais exigências, ao contrário das fintechs que não precisam seguir as regras para contratação de bancários”.

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“As fintechs pagam bem menos impostos que os bancos, que pagam 45% sobre lucro, sendo 25% de IR e 20% de CSLL, enquanto que as Fintechs pagam apenas 9% ou, quando muito, 15% de CSLL”, diz o texto. 

Sobrou também para o Nubank, que segundo a Febraban, “tem cara, porte, produtos e até nome de banco, prefere não se dizer banco, mas cobra juros mais altos dos seus clientes do que a média dos cinco ou 10 grandes bancos brasileiros”.

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Na última terça-feira (21), a Zetta respondeu, também por meio de nota divulgada no LinkedIn. Segundo a entidade, a assimetria regulatória favorece os bancos tradicionais com vantagens competitivas e econômicas, e não as fintechs, que têm maiores exigências financeiras e mais requisitos legais.

A Zetta afirmou que as fintechs pagam mais tributos que os bancos tradicionais e que estão sujeitas a uma série de regras que não se aplicam aos bancos, como o fato de não poderem usar os valores depositados em suas contas para gerar empréstimos, algo que os bancos podem fazer; ou o fato de que os bancos possuem linhas de crédito de liquidez que são proibidas às fintechs. 

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Por fim, a entidade afirmou que as taxas de juros das três maiores associadas são menores que a dos cinco maiores bancos tradicionais e que os bancos tradicionais ainda concentram 68,5% de todo o mercado de crédito no Brasil, o que prejudica a competição e as fintechs.

Esse bate-boca público entre a Febraban e a Zetta acontece na esteira de uma série de mudanças intensas no sistema bancário do Brasil, liderada pelo Banco Central, com o início da implementação do open banking, no começo desse ano, e com o lançamento do PIX, em novembro passado. 

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As duas agendas, inovadoras, ampliam a concorrência e estimulam o surgimento de novos produtos e serviços, o que não é exatamente bom para os grandes bancos, acostumados com um mercado hiper concentrado. 

Por outro lado, uma série de problemas no cronograma de implementação do open banking – a segunda e a terceira fase precisaram ser adiadas devido a problemas no processo de integração e adequação técnica das instituições participantes – e recentes denúncias de crimes e fraudes envolvendo o PIX fragilizaram a agenda de inovação e aumentaram as tensões entre os participantes do sistema.