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Vale assina acordo de R$ 37,69 bi para reparações por Brumadinho

O entendimento – possivelmente desse tipo na América Latina – encerra ações por danos coletivos pelo rompimento da barragem que matou 270 pessoas em 2019

Visão aérea da região de Brumadinho dois anos após o desastre. Foto: Reuters/Leonardo Benassatto
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  • Apesar do montante bilionário, o acordo ajuda a Vale a organizar suas contas, trazendo mais previsibilidade aos planos de retomada da companhia, conforme salientou a agência Fitch, e trazendo mais segurança jurídica para a empresa (o acordo resolveu 204 dos 207 pedidos que constavam em três ações judiciais que foram extintas com o entendimento;
  • Inicialmente, o governo de Minas Gerais pediu R$ 54,6 bilhões em indenizações coletivas.

A Vale e as autoridades de Minas Gerais homologaram, em audiência no Tribunal de Justiça do estado, nesta quinta-feira, um acordo de R$ 37,69 bilhões para reparação de danos coletivos causados pelo rompimento de barragem da mineradora em 2019.

O entendimento – possivelmente o maior acordo desse tipo feito no Brasil e mesmo na América Latina – encerra ações judiciais coletivas relacionadas a danos socioeconômicos e socioambientais e dá celeridade às compensações pelo colapso da estrutura em Brumadinho (MG) que deixou 270 mortos. Parte do montante acordado (R$ 19,8 bilhões) será formalmente “incluído” nas contas companhia de 2020 como despesas adicionais. Inicialmente, o governo de Minas Gerais pediu R$ 54,6 bilhões em indenizações coletivas.

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Apesar do montante bilionário, o acordo ajuda a Vale a organizar suas contas, trazendo mais previsibilidade aos planos de retomada da companhia, conforme salientou a agência Fitch, e trazendo mais segurança jurídica para a empresa (o acordo resolveu 204 dos 207 pedidos que constavam em três ações judiciais que foram extintas com o entendimento).

Os recursos serão destinados a dezenas de projetos, divididos em diferentes grupos de despesas, incluindo programas de transferência de renda, recuperação e proteção ambiental, segurança hídrica, mobilidade, dentre outros.

Do montante total, R$ 5,5 bilhões já estão em depósito judicial e serão direcionados para quitar obrigações assumidas pela empresa. Outros desembolsos ocorrerão semestralmente e devem ser quitados em até seis anos, segundo uma fonte próxima às negociações. Outros aportes, como para a recuperação ambiental, serão empenhados pela própria mineradora.

Cerca de 30% dos recursos previstos têm como objetivo beneficiar o município e a população de Brumadinho, onde a barragem se rompeu. Outros montantes serão direcionados em benefício da população do Estado mineiro.

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As famílias vítimas do desastre ainda poderão buscar indenizações individuais – segundo a Vale, mais de 8,9 mil pessoas já fazem parte de acordos para indenização civil ou trabalhista celebrados com a mineradora, e que somam mais de R$ 2,4 bilhões. Há também um processo criminal em curso, que busca apontar os responsáveis, diretos e indiretos pelo desastre.

Mais de 100 mil pessoas receberam, desde 2019, pagamentos de auxílio emergencial que alcançam R$ 1,8 bilhão. Esses auxílios devem continuar por mais cinco anos.