Negócios

Carteira de criptomoedas, Bitfy capta R$ 13,3 milhões em Série A

De programador que gastou 1.100 Bitcoins em itens do World of Warcraft a CEO de uma carteira de criptoativos que agora vale R$ 120 milhões, Lucas Schoch conversou com o LABS sobre os planos da fintech

Lucas Schoch, CEO e fundador da Bitfy. Foto: Divulgação/Bitfy
Read in english

A fintech de criptomoedas Bitfy anunciou, nesta quinta-feira (16), que captou US$ 2,5 milhões (R$ 13,3 milhões) em uma rodada Série A liderada pelo fundo americano Borderless Capital, com participação de investidores já conhecidos do setor, como a Algorand e a Dash Investment Foundation, além de investidores-anjos norte-americanos. 

A primeira rodada da startup foi de quase R$ 1 milhão. Agora, com a Série A, a Bitfy vale R$ 120 milhões. 

O CEO da empresa, Lucas Schoch, é programador desde os 14 anos de idade. Mas seu primeiro contato com criptomoedas foi em 2012, quando jogava World of Warcraft e comprava e vendia itens do jogo. “Se você quisesse comprar o item de alguém no Brasil você mandava uma TED para a pessoa e ela enviava o item. Mas se fosse para fora do país, você não enviava dinheiro porque [a tarifa do] swift era muito mais cara do que o valor [da transação]”, conta ao LABS

LEIA TAMBÉM: Novo unicórnio: Olist levanta US$ 186 milhões e mira mais aquisições

Para resolver o problema de custo dessas transações internacionais, Schoch começou a rodar scripts de programação minerando bitcoin para enviar e receber criptomoedas. “Foi assim que eu gastei mais de 1.100 bitcoins que eu já tive em itens no World of Warcraft“, conta. Um ano depois, um bitcoin valeria mil dólares. 

“Foi praticamente um quarto de bilhão de reais na cotação atual. Foi assim que eu comecei no mundo das criptomoedas. Tinha gastado toda a grana em itens grotescos do jogo, mas que pra mim já fazia muito sentido porque isso ia ser usado como tecnologia e como moeda. Então, fui estudar a fundo o mundo das criptomoedas”. 

Em 2017, Schoch criou um checkout de criptomoedas que pagava em cripto e mas permitia que o lojista recebesse em reais. “A ideia era muito legal, mas quantas vezes você foi no mercado e falou ‘que pena que não dá para pagar com bitcoin?’ Nenhuma. Então foi um negócio que não teve tração porque as pessoas não tinham essa necessidade”, conta. 

LEIA TAMBÉM: EBANX compra Remessa Online por R$ 1,2 bilhão

A Bitfy surgiu em 2019 para ser uma carteira para uso mais simples e seguro da criptomoeda, ou seja, facilitar a compra e venda de criptomoedas. A plataforma, contudo, não concorre com corretoras ou com bolsas como o Mercado Bitcoin, já que não é uma plataforma para traders. Embora a Bitfy opere compra e venda de criptomoedas com sua tecnologia, o foco da startup não é a geração de especulação em cima dessas transações. Segundo Schoch, o objetivo principal da carteira é trazer segurança e melhor experiência de usuário para o investidor que quer ter criptomoeda, mas que não é trader. 

Atualmente, a plataforma opera com oito criptomoedas e anunciará mais duas nos próximos dias. Segundo o CEO, a Bitfy deve anunciar pelo menos uma nova moeda todo mês em 2022. 

LEIA TAMBÉM: Sami, de plano de saúde para PMEs, capta R$ 111 milhões em extensão da Série A

Embora a startup tenha planos de abrir operações internacionais nos próximos meses, o foco maior é o Brasil, onde a Bitfy conta com 120 mil clientes ativos e 300 mil downloads. 

O novo aporte será usado para expansão de time, produtos e ações de marketing. “O nosso foco é a criação do produto. Nosso principal medidor de performance não é faturamento, mas, sim, time e produto. Queremos fazer um produto que realmente seja muito melhor do que todos os outros semelhantes nos próximos doze meses. Faturamento e entrada de novos clientes são consequências”, pontua. 

A empresa espera triplicar a base de clientes até o final de 2022 e transacionar pelo menos R$ 500 milhões. A Bitfy já transacionou cerca de R$ 130 milhões em quase dois anos de operação. 

LEIA TAMBÉM: Santander vai investir US$ 6 bilhões na América Latina, região que responde por 40% do lucro do banco

A carteira não cobra seus clientes pelo uso. A remuneração da Bitfy acontece na conversão das criptomoedas para reais, por exemplo, ou quando o usuário vende criptomoedas ou as usa para fazer pagamentos de boleto. A taxa da Bitfy nessas transações é de 1,5%. 

Hoje a fintech tem pouco mais de 30 funcionários. Em 2022, deve chegar a 70, sendo 40 da área de tecnologia. A Bitfy também pretende desenvolver produtos para finanças descentralizadas. “As criptomoedas nasceram com o objetivo de jogar fora o sistema financeiro tradicional e criar um sistema financeiro novo, que é independente de governos e de fronteiras. Imagina se eu puder pegar um empréstimo no banco e esse banco estiver dentro do sistema de criptomoedas, a concessão de empréstimo concorrerá com o mundo inteiro, então as taxas vão ser muito menores e a minha perda de capital no meio do caminho vai ser muito menor. Então o serviço tende a ser muito melhor do que os serviços oferecidos dentro de um país”.