Quatro meses após a extensão da sua rodada Série B, a fintech colombiana ADDI, especializada em microcrédito para compras online, acaba de anunciar uma nova rodada de investimentos. Desta vez, a empresa levantou US$ 200 milhões (40% em equity e 60% via empréstimo) para continuar acelerando sua expansão na América Latina (Colômbia, Brasil e, no ano que vem, México).
A parte de capital de risco foi liderada pelo fundo de Singapura GIC e acompanhada pelo fundo do SoftBank para a América Latina, enquanto que o empréstimo foi firmado com Goldman Sachs e Architect, uma gestora que só atua com o chamado debt venture e já tinha feito acordos anteriores com a fintech.
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Fundada em 2018 por Daniel Vallejo, Santiago Suarez e Elmer Ortega, a ADDI oferece uma solução batizada lá fora de Buy Now, Pay Later (BNPL) para quem não tem acesso a cartões de crédito ou não está apto a realizar pagamentos com esse método. A fintech desenvolveu um produto B2B2C, em que firma parcerias com lojas on-line e físicas, que passam a oferecer a ADDI como opção de pagamento aos seus clientes. Quando uma compra é paga com a solução da ADDI, a loja parceira recebe o valor das vendas da fintech em até uma semana, enquanto o cliente pode parcelar o valor devido em até três vezes sem juros.
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No Brasil, onde a fintech desembarcou em março deste ano, é uma experiência muito próximo do famoso crediário, mas tudo digital (o pagamento com ADDI leva 2 minutos, promete a empresa). Em entrevista ao LABS em setembro, a empresa informou que já tinha processado cerca de 20 mil transações a um ticket médio de R$ 350 no país. A empresa projetava fechar o ano com 400 lojistas parceiros (já ultrapassou essa marca, segundo Brazil Journal) e bater a marca de R$ 1 bilhão transacionados em 2022. A solução ADDI está disponível, por exemplo, a comerciantes que usam Nuvemshop ou VTEX.
O Brasil é visto hoje como o principal mercado para a fintech. De olho nesse potencial, ela passou a oferecer para os usuários finais o pagamento sem juros via PIX, para substituir o tradicional boleto, e planeja ampliar a oferta de BNPL com o lançamento de um aplicativo, previsto para o fim do mês.
O fenômeno do BNPL na América Latina
De maneira geral, o potencial do BNPL é gigantesco na América Latina. Diferente de um cartão de crédito ou de uma linha de crédito concedida por um banco, o BNPL permite que os consumidores paguem suas compras por meio de empréstimos de curto prazo pelos quais, na maioria das vezes, não são cobradas taxas de juros.
Esses microcréditos são aprovados no momento da compra e podem ser obtidos de duas maneiras principais. A primeira é um empréstimo no ponto de venda, no qual um provedor de BNPL faz parceria com comerciantes para fornecer financiamento no caixa. A outra é um plano de parcelamento que permite às pessoas comprarem online e pagarem por seus itens em um número pré-aprovado de parcelas.
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Ambos os modelos demandam uma etapa de validação de crédito que normalmente é gerenciada pelo provedor de soluções BNPL. Os empréstimos são frequentemente sem juros para os clientes, desde que pagos dentro do prazo. Para outras transações, os juros podem ser cobrados antecipadamente.
Os prestadores de serviços BNPL cobram taxas sobre cada transação, mas, em contrapartida, os comerciantes se beneficiam ao atingir uma faixa maior de clientes e aumentar a taxa de conversão do carrinho de compras (quando a compra é, de fato, paga e concluída) e o volume de vendas. Além disso, são os próprios provedores de BNPL que validam a capacidade do cliente de pagar o empréstimo através de um processo de verificação de crédito, reduzindo o risco de não pagamento ou fraude para o comerciante.