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Compras remotas via cartões crescem 35,6% no primeiro trimestre de 2021

Mais de 97% dessas transações foram feitas com cartão de crédito, mas operações com cartão de débito e pré-pago estão avançando em um ritmo bem maior

Foto: Shutterstock
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As compras remotas feitas por cartões de crédito, débito e pré-pagos cresceram 35.6% no primeiro trimestre de 2021 em comparação ao mesmo período do ano anterior, mostram os dados da Abecs, associação que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento. A alta foi puxada principalmente pelos resultados de março, mês em que as regiões mais digitalizadas do Brasil, Sul e Sudeste, impuseram novas medidas restritivas para tentar conter a segunda onda de infecções de COVID-19, provocando também um aumento no número de compras não presenciais.

Mais de 97% dessas transações remotas foram feitas via cartão de crédito (crescimento de 34,2% em relação a 2020), mas as operações com cartão de débito e pré-pago estão avançando em um ritmo bem maior (121% e 79,3%, respectivamente). Segundo o presidente da entidade, Pedro Coutinho, isso se deve não só à pandemia em si, mas ao impulso do auxílio emergencial e ao trabalho que a indústria de pagamentos já vinha fazendo no sentido de incluir mais consumidores por meio do débito e dos cartões pré-pagos.

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Em termos de volume financeiro como um todo, incluindo as compras físicas, a indústria de cartões registrou crescimento de 17,3% no primeiro trimestre de 2021, atingindo R$ 558,3 bilhões (R$ 335,9 bilhões provenientes de transações com cartão de crédito, R$ 204,4 bilhões de débito e R$ 18 bilhões de cartões pré-pagos). Esse crescimento, no entanto, precisa ser relativizado, considerando que março de 2020 foi o início da pandemia do coronavírus no Brasil, ou seja, o início da queda abrupta na atividade econômica do país. No caso do setor de pagamentos, essa queda só começou a ser compensada em maio.

“Olhando os dados de abril, e também alguns números de parceiros relacionados ao Dia das Mães, esperamos um segundo trimestre tão bom quanto o primeiro, e um crescimento maior no terceiro trimestre, com o início de recuperação do setor de serviços no fim desse período, começo do quarto trimestre”, disse Coutinho a jornalistas.

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Quando questionado pelo LABS quanto ao uso do cartão de débito no e-commerce, e se esse uso veio para ficar mesmo após o avanço da vacinação e a volta a uma certa normalidade, Coutinho disse que sim. “Se a gente tira o efeito do auxílio da conta, o crescimento, de 17,5%, continua robusto. O debito vem aumentando muito em função do esforço de digitalização que todas as empresas e fintechs têm feito. O trabalho que nós temos feito, de tecnologias de tokenização, protocolo 3DS, vem ajudando no aumento das aprovações das compras online. E se o número de aprovações cresce, bom, esse é um caminho sem volta. É no que acreditamos”, disse Coutinho. Os dados da Abecs mostram que as transações com cartão de débito vem crescendo perto dos 20%, mesmo sem o efeito do auxílio emergencial.

Sobre a possibilidade de PIX e WhatsApp Pay virem a “canabalizar” esse crescimento do débito, Coutinho disse que a indústria de pagamentos como um todo ainda precisará monitorar isso de perto. Ele disse que embora se saiba que o PIX já tem uma alta penetração, seria preciso ter outros dados à mão, como dinheiro em circulação, para realmente ter o cenário completo em vista. “Se a economia cresce, assim como a digitalização da população, nossa indústria também cresce. Teremos PIX e WhatsApp crescendo, e boleto, e DOC e TED reduzindo. Com mais meios de captura, evidentemente, mais gente passará a fazer a transações digitais”, disse Coutinho.

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O quanto um método pode “roubar” do outro, no entanto, ainda não está claro, até pelo ritmo de adoção dessas novas tecnologias por parte do varejo, ou seja, para além das transferências entre pessoas e das compras de ticket baixo.

Pagamentos por aproximação quadruplicaram

Os pagamentos por aproximação também apresentaram um crescimento expressivo nos três primeiros meses de 2021 comparado ao mesmo período do ano passado: R$ 18,6 bilhões em transações, um volume 372% maior do que entre janeiro e março de 2020. O dispositivo mais usado nessa função foi o cartão de crédito, com R$ 11,1 bilhões, seguido pelo cartão de débito, com R$ 5,1 bilhões, e pelo cartão pré-pago, com R$ 2,3 bilhões.

Na primeira semana de janeiro, entrou em vigor um novo teto para pagamentos sem contato: R$ 200. Foi a segunda vez que esse limite foi aumentado. Em julho de 2020, havia passado de R$ 50 para R$ 100. Segundo Coutinho, cerca de 80% das transações feitas dessa maneira, sem senha, estão hoje próximas desse novo limite de R$ 200.