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Para além do álcool em gel e das máscaras, os brasileiros estão comprando mais online

Pesquisa da Konduto e da ABCOMM mostra que apenas uma de 16 categorias de produtos analisadas teve queda nas vendas em relação ao período pré-isolamento

Foto: Shutterstock
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Uma pesquisa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM) e da Konduto, que analisou mais de 20 milhões de pedidos de produtos físicos feitos entre 1º de março e 8 de abril em 4 mil lojas virtuais, traz não só um crescimento nas vendas online no país, como também mostra que esse aumento não se restringe apenas aos segmentos alavancados pela pandemia da COVID-19.

Da primeira metade de março, quando o auto-isolamento começou a ganhar força no país, para a segunda metade, quando cidades e estados anunciaram recomendações oficiais pró-distanciamento social em vigor, as vendas online caíram 19.24%. No fim do mês, e na primeira semana de abril esse comportamento se inverteu, e as vendas cresceram 28,8%.

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Fonte: ABCOMM/Konduto.

O levantamento, que será atualizado quinzenalmente, lista 16 categorias diferentes de produtos físicos (serviços como viagens e aplicativos de entrega não fazem parte da análise): artigos esportivos, autopeças, bazar/importados, bebidas, bijuterias/acessórios, brinquedos e jogos, calçados, cosméticos, eletrodomésticos, eletrônicos, farmácia, livraria, moda, móveis e decoração, ótica e supermercados.

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De todas essas categorias, apenas uma, a de brinquedos e jogos, teve retração (-37,54%) no último período analisado. Essa mesma categoria, no entanto, já tinha crescido fortemente na segunda metade de março (434,70%), no início do confinamento.

Fonte: ABCOMM/Konduto.

Eletrodomésticos, cosméticos e moda foram as categorias com maior crescimento nas vendas no último período da pesquisa, com aumento 96,66%, 88,02% e 62,73%, respectivamente, no número de pedidos feitos por dia.

As vendas de produtos de farmácia e compras de supermercados, como já era esperado, também apresentaram crescimento expressivo logo no começo das medidas de isolamento, mas desaceleraram no segundo período analisado. No caso dos produtos farmacêuticos, o crescimento foi de 41,56% na primeira quinzena, e de 2,63% na segunda. No caso nas compras de supermercado, o aumento nas vendas online foi 270,16% no primeiro período, e 1,37% no segundo.

Como o LABS mostrou ainda em março, a expectativa dos especialistas quando o assunto é e-commerce na América Latina é de que mais consumidores estão passando a comprar online em razão da pandemia, e de que mesmo quando as ondas de contágio do novo coronavirus passarem parte desse comportamento ficará.

“Podemos esperar um impulso em tudo o que é digital no momento. E parte desse comportamento do consumidor que está sendo introduzido agora permanecerá e causará um crescimento sustentado ao longo deste ano e do próximo”, disse Lindsay Lehr, especialista em pagamentos da AMI que acompanha a evolução do comércio eletrônico na América Latina desde 2015.

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“Algumas categorias ainda não conseguiram retomar o ritmo de vendas de antes da pandemia, mas outros segmentos, como farmácias e supermercados, estão assumindo um novo protagonismo no comércio eletrônico brasileiro. A expectativa, ao menos para as próximas semanas com extensão da quarentena e fechamento do comércio físico, é de que as vendas on-line mantenham esta curva de crescimento”, declarou Tom Canabarro, CEO e cofundador da Konduto, em texto publicado no site da empresa.

Um próximo estudo da ABCOMM e da Konduto incluirá dados de vendas de serviços, divididos nas seguintes categorias: aplicativos de entrega; cursos online; games online; hospedagem; ingressos; passagens aéreas; passagens rodoviárias; e restaurantes.