As contratações internacionais feitas por empresas de tecnologia da América Latina cresceram 286% no segundo semestre de 2021 em relação ao primeiro semestre, salto maior do que o registrado na Europa, Oriente Médio e África (+250%) ou na Ásia (+227%). Os profissionais latino-americanos também apareceram como os mais visados por empresas de todo o mundo: as contratações de profissionais da região cresceram 156% entre julho e dezembro do ano passado, à frente de profissionais da Ásia (+107%) e Europa, Oriente Médio e África (+96%).
Os dados são de um levantamento realizado pela startup de gestão de pagamentos e contratos internacionais Deel, que já viabilizou aproximadamente 100 mil contratos de trabalho para 6 mil empresas de 150 países.
O boom nas contratações internacionais pode ser atribuído à popularização de modelos híbridos ou 100% remotos e à defasagem de mão de obra especializada na área de tecnologia. Nesse sentido, o país que mais contratou profissionais estrangeiros foi os Estados Unidos, e os brasileiros estão entre os mais contratados por empresas de lá, junto com profissionais do Reino Unido, Filipinas, Nigéria e Índia.
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“Com a desvalorização do real, os profissionais daqui se tornam uma mão de obra qualificada e mais barata. Por isso, essa movimentação acontece com força nos Estados Unidos, que representam 63% das empresas que contratam internacionalmente”, disse Cristiano Soares, country manager no Brasil da Deel.
Na América Latina, os países que mais contrataram profissionais de outros países foram México, Chile e Uruguai. Já os países com maior número de profissionais contratados por empresas internacionais foram a Argentina, o Brasil e o México.
De acordo com o relatório, os profissionais mais buscados pelas empresas de tecnologia em todo o mundo são os engenheiros de software, executivos de conta, engenheiros de garantia de qualidade, designers de produto e consultores.
Quando se olha para a remuneração, México e Argentina aparecem entre os países em que os profissionais tiveram o maior aumento no salário médio: no México, esse salto foi de 57%; na Argentina, de 21%. As áreas que registraram a maior alta na remuneração média foram Marketing (+49%), Vendas (+13%) e Produtos (+6%).
Outra mudança recente observada pela Deel em sua base global é o aumento dos pagamentos em criptomoedas. A startup começou a operar pagamentos em cripto há pouco mais de um ano e de lá para cá viu um aumento de quase 10% mês a mês na quantidade de profissionais que optam pela remuneração em cripto.
A América Latina lidera o ranking de profissionais que solicitam parte de seus salários em criptomoedas (52%), sendo Argentina, Nigéria e Brasil os países que mais impulsionam os números. Já a porcentagem de saques de criptomoedas por tipo de moeda fica organizada da seguinte forma: Bitcoin: 63%; Ethereum: 26%; USDC: 7%; Solana: 2%; e Dash: 2%.
De todos os pagamentos realizados no segundo semestre de 2021, 2% foram em criptomoedas – somente em dezembro do ano passado, US$ 4,7 milhões foram repassados em criptomoedas, um aumento de 49% em relação ao mês anterior.