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Corretora Warren levanta aporte de R$ 300 milhões e planeja dobrar operação

Series C foi liderada pelo GIC, fundo soberano de Cingapura que já investiu no Nubank e Hotmart

Warren rodada R$ 300 milhões
Fundadores da Warren: Marcelo Maisonnave, Tito Gusmão, Kelly Gusmão,Rodrigo Grundig, André Gusmão. Foto: Warren/Divulgação
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A startup brasileira Warren acaba de anunciar um aporte de R$ 300 milhões de um pool liderado pelo GIC, fundo soberano de Cingapura que já investiu em unicórnios brasileiros como Nubank e Hotmart. Participaram também da rodada os fundos Ribbit, Chromo Invest, Kaszek, QED, Meli Fund e Quartz. A Series C acontece menos de um ano depois de uma rodada de R$ 120 milhões conquistada em julho do ano passado. 

Com a rodada, o GIC ganha uma cadeira no conselho da Warren. Fundada em 2017, a startup é uma corretora e gestora de ativos com R$ 6 bilhões em ativos sob custódia e 200 mil clientes (um crescimento de 1000% desde abril do ano passado, quando a empresa tinha R$ 600 milhões sob gestão), conforme Tito Gusmão, CEO da Warren, disse ao LABS.

Agora, a meta é dobrar o volume de ativos e chegar a 300 mil clientes até o fim de 2021.

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De acordo com a empresa, a nova rodada de investimentos será usada para ampliação da equipe – passando de 400 para 600 funcionários -, ações de marketing e expansão da plataforma Warren for Business, braço da Warren voltado para profissionais do mercado financeiro. Aquisições também estão nos planos. 

Esse é o terceiro aporte que a Warren recebe desde sua criação. Em 2019, captou R$ 25 milhões em uma rodada Series A liderada pelo fundo de venture capital Ribbit e, em 2020, levantou R$ 120 milhões em uma Series B liderada pela QED Investors. 

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A Warren tem entre seus fundadores ex-XPs e implementou um modelo de negócios que cobra dos clientes uma taxa fixa pela gestão total das carteiras. Isso, de acordo com a empresa, eliminou o conflito de interesses inerente ao modelo de negócios tradicional no segmento de investimentos, que cobra uma comissão por produtos de investimentos. 

“Queremos trazer os agentes autônomos para o lado certo da força. A grande maioria dos agentes autônomos são grandes profissionais, mas o modelo do agente autônomo é um modelo conflitado em que a comissão está embutida no produto e invariavelmente ele vai oferecer um produto cuja comissão é maior para quem ele está vendendo. A gente defende que esse agente autônomo que faz um trabalho correto é um piloto de Ferrari dirigindo uma Brasília,” disse Gusmão.

A gente não está inventando a roda, nos EUA é exatamente assim, ⅔ da indústria de corretagem é em cima desse profissional alinhado com o cliente.

tito gusmão, ceo da warren

A Warren opera nos modelos B2B e B2C com uma plataforma para parceiros como a XP e o BTG fazem, mas o nosso parceiro é um consultor de investimentos da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), e não o agente autônomo.

Segundo Gusmão, além das corretoras XP e BTG, os principais concorrentes da Warren são os bancos. “90% do dinheiro dos brasileiros está em cinco bancos e 90% do dinheiro dos americanos está nas corretoras”, afirma.

No Brasil existem duas licenças para distribuir investimentos. O agente pode fazer a prova da Ancord para agente autônomo de investimento e plugar na XP, no BTG ou no Safra, ou pode fazer a prova do consultor de investimento CVM. “São provas distintas com modelos distintos de remuneração,” explica Gusmão. “Na Inglaterra, o regulador de valores mobiliários acabou com o agente autônomo, agora tem que ser 100% fiduciário, sem comissão embutida nos produtos. É assim que a gente entende o futuro.”

A Warren não divulga valuation, mas, segundo Gusmão, o IPO está no sonho da empresa para três a quatro anos. “Vamos dar um passo de cada vez.”