A Dock, empresa de meios de pagamento e banking as a service, anunciou nesta quinta-feira (12) a captação de US$ 110 milhões em em rodada liderada por duas gestoras de private equity, Lightrock e Silver Lake Waterman, e com participação de investidores existentes, Riverwood Capital (dona de parte relevante do capital da empresa), Viking Global Investors e Sunley House Capital. Com a captação, a Dock diz ter atingido um valor de mercado estimado em mais de US$ 1,5 bilhão.
O CEO da Dock, Antonio Soares, disse que os recursos serão usados principalmente no desenvolvimento de novos produtos, assim como na expansão internacional da empresa — que anunciou a abertura de sete escritórios na América Latina em março —, e, claro, novas contratações.
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Há dois meses, a fintech vem reforçando equipes internacionais, abrindo escritórios em países onde já tinha negócios antes – Cidade do México (México), Lima (Peru), Santiago (Chile), Bogotá (Colômbia) e Buenos Aires (Argentina) – e planejando a sua chegada a outros dois (Quito, no Equador, e Santo Domingo, na República Dominicana). Com mais de 65 milhões de contas ativas, de mais de 300 empresas (ainda sem contar os clientes da mexicana Cacao, comprada no ano passado), a Dock quer ser um veículo de expansão regional também para os seus clientes. E é por meio da oferta de banking as a service que a empresa pretende fazer isso.
No pacote básico que a Dock quer oferecer a todos os seus clientes da América Latina — que vão de bancos e fintechs até mesmo varejistas e outros segmentos — estão serviços como emissão de cartões e contas digitais (carro-chefe da Cacao, inclusive) e meios de pagamento (como transferências e PIX, especialidade da BPP, brasileira também comprada pela Dock em 2021). Mas à medida que o ambiente regulatório evolui na região, possibilitando o surgimento de novos arranjos, é natural que a Dock também siga ampliando seu portfólio — e correndo atrás das parcerias e das licenças para isso.
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No Brasil, a Dock é uma instituição de pagamentos regulamentada e pediu recentemente ao Banco Central para atuar como iniciador de pagamentos. Mais para frente, a empresa também sabe que uma licença de câmbio pode ajudá-la a operar de maneira mais independente serviços como remessas e contas em dólar, que, por sua vez, são uma porta de entrada para quem começar a operar com criptoativos.
No México, ainda não há uma autorização de instituição de pagamentos exatamente igual ao do Brasil. Lá, a Dock conta com parceiros e com as licenças de bandeira (Visa e Mastercard) para oferecer seus serviços. “Lá, assim como no Brasil, temos clientes que usam nossa plataforma no modelo Saas, com as licenças deles, e clientes que usam a Dock no modelo Baas, com as nossas licenças”, explica Soares. Quando adquirida, em dezembro, a Cacao já tinha emitido mais de 4 milhões de cartões para mais de 50 clientes como Albo, Lanapay, Oyster e Clip. A ideia é que eles tenham agora acesso às outras soluções da Dock também.
Processando mais de US$ 50 bilhões anualmente – mais do que o dobro do que no começo de 2021 –, a Dock anda com as próprias pernas desde a sua fundação, em 1995. A empresa nasceu oferecendo cartões private label para varejistas, mas em 2014, quando foi adquirida pela gestora de private equity Riverwood Capital e pelo próprio Soares, passou a expandir seus serviços.