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Ebit|Nielsen: E-commerce internacional representa 21% do e-commerce no Brasil

Entregas mais rápidas aceleram crescimento de e-commerces internacionais; expansão chama a atenção de órgãos reguladores e da indústria nacional

Interface do aplicativo e do site da Shopee
Foto: Shopee/Divulgação
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O valor bruto dos produtos comprados por brasileiros em e-commerces internacionais (também chamados de cross-border) é estimado em R$ 22,7 bilhões e já representa 21% do total de comércio eletrônico. Os dados são da Ebit|Nielsen, e figuram em um estudo publicado pelo Bank of America (BofA).

De acordo com o relatório, as compras de produtos em e-commerces internacionais no Brasil vêm sendo beneficiadas pela agilidade nas entregas, graças ao modelo de parceria entre os Correios e operadoras internacionais para entregas internacionais. Nesse formato, serviços estrangeiros assumem parte da entrega, enquanto os Correios completam o serviço assim que o produto chega no Brasil. O relatório nota que esse sistema reduziu consideravelmente os prazos de entrega.

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Além disso, as tarifas e o baixo nível de produtos taxados (apenas 2,6% das encomendas é auditada), aumentam a proposta de valor desse tipo de comércio. O setor cresceu 76% em 2020, de acordo com dados do Ebit/Nielsen.

Um exemplo desse sucesso é o crescimento da Shopee, aponta o Bank of America. O estudo lembra que o e-commerce baseado em Cingapura atingiu a marca de 42,5 milhões de usuários ativos em setembro no Brasil. O crescimento da plataforma de fast fashion Shein também é destacado pelos analistas.

Regulamentação e impostos

O BofA relembra que, historicamente, os esforços para automação das tarifas de compras em lojas internacionais ficaram aquém das expectativas. No entanto, com o crescimento no volume de encomendas, a tecnologia deve ser usada para resolver o problema de escala na cobrança de impostos e avaliação dos pacotes.

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Por outro lado, o crescimento do comércio eletrônico internacional deve enfrentar oposição: isso porque todas as compras internacionais estão sujeitas a uma tarifa de 60% e também podem ter 17-25% de cobrança de ICMS. No entanto, não são todos pacotes que recebem taxação. Por conta da auditoria menor nesse tipo de transação, há preocupações com o potencial danoso ao mercado local e também com produtos falsificados e potencialmente ilícitos.

“À medida que o comércio cross border cresce, prevemos uma oposição maior e mais organizada de grupos comerciais e agências governamentais”, aponta o relatório do Bank of America.

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O banco lembra que órgãos de defesa do consumidor, como o Procon-SP, têm um papel importante não apenas para cobrança de multas por conta de possíveis produtos falsificados ou contrabando vendido nas plataformas cross border como também possuem um potencial de autoridade sobre a opinião pública — o que pode ser nocivo para essas marcas cross border.