Foi o descompasso entre a demanda do mercado por profissionais de tecnologia e o contingente de mão de obra especializada disponível no Brasil que motivou Fábio Muniz a fundar a Awari, uma edtech que combina cursos e mentorias individuais com especialistas do mercado de tecnologia focados em quatro verticais – UX/UI Design, ciência de dados, gestão de produtos e programação.
Criada em 2018, de início mais como um projeto de Muniz e menos como um empreendimento, em 2019 a startup virou negócio para valer e, de lá para cá, passou de um faturamento anual de R$ 200 mil para R$ 7,2 milhões em 2021. Com uma base de usuários de 3 mil alunos e um corpo docente de mais de 400 profissionais, entre mentores e professores, a Awari espera crescer aproximadamente 500% em 2022, atingindo uma receita anual de R$ 40 milhões e capacitando aproximadamente 9 mil alunos até o fim do ano.
Para isso, a startup acaba de concluir uma captação pré-Série A de R$ 3,5 milhões para expandir o modelo em rodada liderada por investidores da área de educação, incluindo Mathur Shashank, diretor da Harvard Management Company, Mike Mahlkow founder da Blair/Lambda School e Ben Hamner, CEO da Kaggle, além de outros nomes, como Brian Requarth, da VivaReal e Miguel-Burguer-Calderon fundador da americana Ethyca.
Muniz atribui o crescimento acelerado da edtech nos últimos dois anos à sinergia entre o modelo da Awari e mudanças provocadas pela pandemia. “Houve uma mudança de mentalidade muito grande de quem consome educação no Brasil. Antes, havia uma percepção negativa sobre Educação à Distância. Havia um teto de crescimento para esse modelo de ensino. A pandemia mudou isso. Além disso, a pandemia gerou também um movimento de ressignificação profissional, muita gente querendo mudar de carreira ou buscando oportunidades melhores. Isso, combinado com o crescimento do mercado de tecnologia, que tem atraído um fluxo enorme de profissionais, inclusive de outras áreas, gerou um cenário muito propício para o crescimento”, explicou.
O público alvo da Awari são profissionais que já acumulam alguma experiência, mas desejam ou desenvolver novas habilidades ou migrar de área. Para atender a essa audiência, a startup desenvolveu dois produtos: os cursos online ao vivo e as mentorias e consultorias de carreira individuais. Pelo modelo da edtech, em vez de pagar por um curso ou por uma mentoria, o aluno assina um plano anual de valor fixo (R$ 2.900) e obtém uma quantia de créditos, que podem ser usados para acessar todo o catálogo da startup conforme a preferência do aluno.
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A Awari também atua em parceria com empresas que buscam a edtech para oferecer bolsas de estudo ou para disponibilizar a plataforma da startup como benefício corporativo, nesse caso, a empresa adquire um pacote de assinaturas e disponibiza os acessos para seus times. Além disso, algumas empresas acessam o banco de talentos da Awari em busca de candidatos para vagas de tecnologia.
Planos
A maior parte da rodada será usada para ampliar a oferta de cursos e mentorias, incluindo formações em segurança cibernética, computação em nuvem, UX writing, design 3D, entre outros. Cursos como inglês e soft skills também estão no radar. “Eventualmente vamos expandir para além da área de tecnologia. O que a gente faz é pensar em um novo modelo de como profissionais modernos podem se desenvolver. No futuro, podemos ter uma trilha para jornalistas, uma trilha para geólogos, e por aí vai”, explicou Muniz.
Além disso, a startup está desenvolvendo um aplicativo por meio do qual os alunos poderão assistir aulas, agendar sessões de mentoria e acessar materiais e artigos didáticos e avaliando uma expansão internacional, começando por Chile, Colômbia e México.
“O ensino profissionalizante está passando por mudanças rápidas no Brasil. Isso se deve ao modo como as empresas atraem, selecionam e desenvolvem talentos. Observamos essa mesma dinâmica em outros países da América Latina, ou seja, oportunidade de entregar valor às empresas. Ao longo dos próximos anos, pretendemos desenvolver nossa marca e replicar o que já funciona no Brasil e em outros mercados do continente”, concluiu Muniz.