O descompasso entre a demanda crescente do mercado por profissionais de tecnologia e o contingente de mão de obra especializada disponível no Brasil – a área demandará cerca de 420 mil profissionais até 2024, mas o país capacita apenas 46 mil pessoas por ano, segundo relatório da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) –, motivou a criação da Driven, uma edtech especializada na formação para a área de TI.
Fundada há apenas oito meses, a startup levantou uma rodada Seed de R$ 16 milhões liderada pela gestora de venture capital Iporanga Ventures. O aporte contou também com a participação dos fundos ONEVC, FundersClub e 3G Radar, além de investidores-anjo como Patrick Sigrist (iFood), Sergio Furio (Creditas) e Brian Requarth (VivaReal). Eles se juntaram aos sócios atuais Arpex Capital (Stone), Daniel Castanho (Ânima) e Pedro Thompson (Exame).
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A Driven argumenta que além do déficit de profissionais, os programadores juniores recém formados em cursos voltados para a área não têm a autonomia exigida pelas empresas. A edtech se propõe a acelerar a formação do que ela chama de “futuros líderes de tecnologia“. O programa busca principalmente os universitários ou formados das áreas de exatas nas principais faculdades do país.
“Vimos que selecionando pessoas que tem uma base forte em raciocínio lógico e as fazendo passar por uma formação intensiva, nós conseguimos formar um profissional que pode se tornar um tech lead em 1 a 2 anos”, diz Paulo Monteiro, um dos cofundadores da Driven junto com Michel Nigri e Pedro Barros.
Pelo modelo de negócios da Driven, chamado ISA (Income Share Agreement), em vez de pagar pelo curso normalmente, com mensalidades que chegam a R$ 2 mil, o aluno da Driven só quita o curso quando estiver empregado, com 17% do seu salário até chegar ao valor limite da formação.
Também por isso, explica Monteiro, o processo de seleção é bastante concorrido. A primeira turma teve 20 mil inscritos, dos quais apenas 140 se tornaram alunos, e desses 75 já se formaram. Segundo Monteiro, 100% dos formados já ocupam cargos como engenheiros digitais e desenvolvedores.
A Driven tem parceria com mais de 40 empresas com forte base tecnológica, como iFood, Stone, Itaú, Loggi, entre outras. “Com regularidade, executivos dessas empresas são chamados para conversas com os alunos, e muitas vezes abrem vagas específicas para alunos Driven”, diz Monteiro.
O aporte Seed será investido na ampliação da equipe e na estruturação de uma formação que possa ser escalada para mais alunos.
Metodologia
Para participar das formações da Driven, não é necessário saber programar de antemão. A seleção é feita com base em critérios de interesse pela área, resiliência e raciocínio lógico. Os cursos são intensivos com duração de seis a nove meses.
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A maior parte da carga horária, 70%, é voltada para o desenvolvimento de projetos de tecnologia validados com empresas parceiras. Os alunos também têm aulas sobre fundamentos da computação, algoritmos e estrutura de dados e aulas voltadas para as chamadas soft skills, com treinamento em comunicação, gestão do tempo, mentoria de carreira e tutoria técnica.