Se neste primeiro trimestre do ano as startups brasileiras já captaram mais da metade do valor recebido com investimentos de capital de risco em 2020 – US$ 1,9 bilhão de janeiro a março –, setores como edtech são alguns dos responsáveis por essas cifras.
De acordo com a plataforma de inovação Distrito, as startups de educação do país receberam US$ 222,5 milhões em investimento neste ano, número que representa um aumento de 770% em relação ao valor arrecadado no ano passado: US$ 29 milhões.
Em 20 aportes nestes primeiros três meses, edtechs como Descomplica, que levantou, em fevereiro, uma rodada Série E de R$450 milhões liderada pelo SoftBank e Invus Group, ajudaram a colocar a indústria no centro das atenções das rodadas de capital de risco do país. Junto com edtech; fintech, proptech e retailtech foram os setores de melhor desempenho neste primeiro trimestre, segundo dados da plataforma.
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Marco Fisbhen, CEO do Descomplica, compartilhou com o LABS os três objetivos principais que o recém-captado aporte apoiará: tecnologia, crescimento do portfólio e aquisições. “Temos hoje 100 pessoas trabalhando no desenvolvimento de produtos digitais e faremos um investimento massivo em pelo menos dobrar esse time”, revelou o executivo.

Este aporte foi co-liderado pelo SoftBank e a Invus Opportunities, mas também traz nomes muito fortes entre os demais investidores: Valor Capital Group, Península Participações, a Chan Zuckerberg Initiative (…) Somos hoje o líder no espaço de edtechs na América Latina, tanto do ponto de vista de alcance e receita, mas também com um grupo estratégico de investidores, com visão global e alta capacidade de investimento.
Quanto aos novos produtos, Fisbhen acrescentou que a Descomplica pretende lançar 18 novos cursos na unidade de graduação da startup, a Faculdade Descomplica, até o final de 2021 e outros 12 no próximo ano. “Queremos alcançar 50 cursos de graduação o mais rápido possível. Temos duas grandes áreas de concentração, Gestão Moderna e Tecnologia e entendemos que nossa missão é capacitar os estudantes para os empregos do futuro”.
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As aquisições também são alvo da brasileira UOL EdTech, que adquiriu a Passei Direto, uma plataforma de estudos online com 23 milhões de usuários, após um aporte de valor não revelado, também liderado pelo SoftBank. “A Passei Direto é totalmente baseada em plataforma e conecta produtores de conteúdo a estudantes. A escalabilidade da plataforma está alinhada com a nossa estratégia de acelerar o aprendizado”, disse Alex Augusto, CEO do UOL EdTech.
Para o Distrito, plataformas de infraestrutura como Descomplica e Hotmart – startup unicórnio que captou, no final de março, US$130 milhões em uma rodada Série C liderada pelo fundo americano TCV –, ou conglomerados como o UOL Edtech, têm chamado a atenção de investidores na medida em que oferecem soluções para uma nova realidade educacional no Brasil, imposta pela pandemia de COVID-19.
Uma das maiores rodadas levantadas por uma edtech na América Latina, o aporte de US$50 milhões recebido pela argentina Digital House e co-liderado pelo Mercado Livre, mostra que o Brasil não é o único país da região onde o setor está rapidamente se tornando alvo de apostas maiores de investidores institucionais.