- Primeiros meses de 2021 registraram alta histórica no número de IPOs devido aos juros baixos;
- Segunda janela de oferta do ano, no entanto, foi afetada pela instabilidade política e econômica;
- Empresas que quiserem seguir adiante com a abertura de capital podem ter que reprecificar suas ofertas iniciais.
Depois de três meses de alta no número de ofertas iniciais de ações (IPOs), com filas de empresas aguardando autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para venderem ações pela primeira vez, parece que os ventos favoráveis para aberturas de capital e ofertas de ações passou. Se entre janeiro e fevereiro os IPOs e os follow-ons (ofertas secundárias) movimentaram R$ 30 bilhões, na segunda janela de ofertas do ano a precificação revelou um cenário menos atrativo para as empresas.
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Embora a lista de empresas que aguardam o registro da CVM ainda tenha mais de 40 nomes, pelo menos outras 18 desistiram de abrir capital por enquanto. Entre elas, destaque para o adiamento da LG Informática, que suspendeu a abertura de capital por 60 dias logo após anunciar o fim da produção de smartphones, e a farmacêutica Blau, que adiou a precificação para a próxima semana e reduziu a oferta de ações em 40%.
A análise dessa mudança no comportamento dos investidores aponta para várias causas, da interferência do governo nas empresas estatais – a exemplo das recentes mudanças no comando da Petrobras e no Banco do Brasil – à instabilidade política e econômica devido ao recrudescimento da pandemia e aos obstáculos para implementação de reformas.
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O resultado são investidores menos dispostos a arriscar em novas ofertas e empresas saindo com ações abaixo do valor esperado. Diante disso, restam duas alternativas: ou reprecificar ou suspender a estreia na bolsa até que os bons ventos voltem a soprar.