Smart Doctor, uma healthtech peruana de telemedicina cujo serviço é oferecido por empresas como benefício corporativo, acaba de desembarcar no Brasil. Operando também no México e na Colômbia desde o ano passado, quando recebeu pré-seed de US$ 1,5 milhão dos fundos Pareto20, Fresh-Ventures e GreenEgg Venture, entre outros investidores, a startup também espera chegar no Chile em breve. Até 2025, a meta da Smart Doctor é ter 2 mil empresas como clientes no país e mais de 10 mil em pelo menos dez países da América Latina.
A startup lançada em 2020 com um modelo B2C, a Smart Doctor chegou a prestar atendimento à população peruana com foco na pandemia de COVID-19, por meio de um convênio de seis meses com o Ministério da Saúde do país. Segundo a cofundadora e diretora médica executiva da startup, Karen Salirrosas, o período foi essencial para testar a plataforma da Smart Doctor.
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“Juntando esse período, são mais de 200 mil pacientes já atendidos pela Smart Doctor desde a sua criação. Com o tempo, no entanto, percebemos que o investimento necessário para escalar o negócio como B2C (direto ao consumidor) seria muito mais alto e que o modelo B2B (para outras empresas) oferecia um caminho mais rápido e possibilitava [custear] algo que nos interessa muito, que é a parte de impacto social e o atendimento de populações vulneráveis”, explicou ela em entrevista ao LABS. A Smart Doctor foi criada por ela e pelo médico e hoje CEO da startup Christian Rivera.
O custo do serviço da Smart Doctor, que oferece consultas médicas online com clínicos gerais e outras especialidades, além de nutricionistas e psicólogos, começa em R$ 50 por colaborador e pode variar de acordo com o número de consultas (geralmente três por mês) e especialidades contidas no pacote. Salirrosas diz que tanto empresas que ainda não oferecem nenhum benefício de saúde quanto aquelas que já têm plano de saúde para seus funcionários veem na Smart Doctor um complemento interessante, que colabora para uma série de métricas de bem-estar e produtividade das empresas.
O serviço, aliás, é normalmente oferecido não só aos colaboradores, mas a até cinco pessoas do círculo familiar dos funcionários, são exigências tão rígidas quanto às dos planos de saúde. “Isso quer dizer que familiares como avós e primos, ou mesmo outras pessoas próximas, podem ser atendidas por meio do benefício”.
Salirrosas lembrou que, de maneira geral, a dificuldade de acesso à saúde na América Latina é frequente e que os sistemas de saúde, mesmo os privados, tendem a funcionar para tratar pessoas doentes. “Nós atuamos mais com uma diretriz de medicina preventiva, com foco não só na saúde física, mas também psicólogica e emocional dos pacientes”.
“Isso tem efeito direto em índices de absenteísmo, de produtividade, enfim. É com esse foco que a gente tem abordado as empresas”, complementou Daniela Canoa Guanaes, head de expansão da startup no Brasil. A Smart Doctor chegou por aqui atendendo funcionários de empresas que já são suas clientes em outros países, caso da Natura, Scania e WeWork, por exemplo, mas espera também fechar novos contratos com empresas brasileiras. O foco está, primeiro, em empresas de tecnologia, startups, ou organizações já acostumadas com o trabalho remoto ou híbrido e com ferramentas digitais.

Por meio da plataforma da Smart Doctor, os funcionários das empresas clientes podem pesquisar e agendar consultas online em dez minutos. A plataforma também permite que eles reúnam, em um mesmo local, resultados de exames e receitas. Para as empresas clientes, também são gerados índices de monitoramento de satisfação e bem-estar dos colaboradores, um instrumento bastante importante para qualquer RH.
O esforço maior da startup está na formação da rede de médicos e profissionais de saúde em cada país, o que geralmente é feito por indicação, e também nas adequações regulatórias, já que cada país, por exemplo, costuma ter suas próprias regras de telemedicina e prescrição de exames e medicamentos.